“Vocês já viram o mal que o PT
fez nesses dez anos?!”. Uma pergunta carregada da mais alta indignação.
Prosseguindo, “Ora, me veem agora com embargos. Somente assim eu conheceria
embargos”. Este comentário, eu ouvi (calado) de uma pessoa de nível superior, e
de superior hierarquia em seu setor
(militar), que deveria ter noções de Direito e assentido por todos os demais da
roda de conversa. Ele, ao que parece,
não sabe que o matador da missionária americana está em seu quarto julgamento,
decorrente de apelações. Um criminoso, homicida, pode gozar de mais de três
apelações, o equivalente aos embargos, a grosso modo; mas um político que não
matou pessoa alguma não pode usar de apelação, mesmo não tendo sido condenado
por unanimidade. Permito-me não entrar em detalhes. Pois bem, este é o retrato de uma situação que se agiganta no
seio de uma classe, ao meu ver, média-média e imagino o que não poderá estar
ocorrendo em estamentos superiores, no seio das elites.
Em verdade, eu mantenho-me calado
porque já cansei de reagir a essas coisas e tenho comigo que o próprio PT e,
acima de tudo, o governo, não reagem e fingem aceitar críticas por causas
democráticas, quando os inimigos nada têm de democráticos. Aproveitam-se de
concessões a empresas jornalísticas de canais de rádio e TV, utilizando-se de um
bem público, para disseminar, massificantemente, mentiras no intuito da
desmoralização, do enfraquecimento, da queda de governo legitimamente eleito,
como já ocorreu em 1954 com Getúlio Vargas, levando-o ao suicídio; a tentativa
frustada com o governo JK, ao que me parece em 1958; em 1964 com o golpe
militar que perdurou por duas décadas.
Mas são reações da “cassa grande”
quando observa que a “sensala” está se organizando, está conseguindo se
aproximar “das cercas que beira os quintais” da casa grande. E este pressentimento
e suas reações acontecem porque projetos de cunho social têm surtido efeitos.
Estão aí, a redução da miséria, o PRONATEC, O PROUNI, as cotas raciais, a
inclusão social de milhões de desgarrados,- “a renda dos 10% mais pobres cresceu 14%” a valorização do
salário mínimo. A respeito, retiro ainda as pérolas, a seguir, da coluna de
Benjamin Steinbruch (sobrenome bem comum a brasileiro, não?), “Opinião
Econômica”: “os ganhos do salário mínimo,
a despeito dos seus impactos nas contas da Previdência, precisam ser
preservados”, ótimo, mas note-se o “a despeito” e vem então com “aumento real do salário mínimo elevou custo do
trabalho, mas colaborou para melhora do IDH”. Façamos uma reflexão
sobre a opinião do colunista de nome esquisito. Não importam os ganhos do
salário mínimo, o mais importante nisto são os impactos nas contas da
Previdência! Os pobres aposentados de salário mínimo, especialmente, tiveram
ganho. Ganho que move toda uma economia de milhares de cidades pequenas, arrastada por longos anos, do
interior do país. Mas e “os impactos na
Previdência”? Por eles, pela teoria liberal, ou neoliberal o controle fiscal está
acima de tudo mesmo que acima da preocupação com os mais desvalidos, os mais
miseráveis. E diz ainda que o aumento real do salário mínimo elevou custo do
trabalho, mas colaborou para melhora do IDH. Ora, elevou custo do trabalho,
isto é péssimo para eles. Quem oferta o trabalho? E quem, de certa forma,
perderá com a elevação do custo? Eles mesmos, que ao longo
dos séculos e séculos vêm enchendo as burras, descaradamente.
E tem mais, dentre os projetos
sociais está o mais recente e que omiti antes e que é motivo de revolta de uma
parte da sociedade, o MAIS MÉDICOS. No jornal A TARDE, de 08/10/2013, Luis
Cláudio Correia, livre docente em Cardiologia, escreve: “Diabetes era definido como glicemia de 140 mg/dl e hoje se considera que
glicemia de 100 ml/dl não é normal [isso] está mais para medicina baseada em
fantasia um lucrativa fantasia”. O livre docente bate na ferida: “o conceito de prediabetes...tem sido inadequadamente
utilizado para justificar o uso de medicações sem base científica suficiente”.
Pois é a noção da elitização da medicina, com as concentrações absurdas de
médicos em cidades de grande porte; o conceito de especialização: cardiologia,
dermatologia...; o relacionamento imoral de médicos com os grandes laboratórios
e as grandes empresas de produção de imagens e, enfim, o descrédito pela clínica
geral, pelo atendimento clínico, o atendimento a “olho nu”, coisa que é bem
comum entre os médicos cubanos.
2014 vem aí. Já antevejo uma
guerra onde as elites irão usar todas as forças imagináveis, visíveis e
“ocultas” como adjetivou Jânio Quadros, com o objetivo de interromper a
caminhada do país na direção de uma sociedade mais justa.