sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

SOMOS A ROMA NEGRA





Por Carolina Coelho
Nassif,
Para quem se interessa sobre os estudos afro-asiáticos a contribuição da cultura negra no Brasil, abaixo está o site da Revista Acadêmica produzida pela Ufba. Quem se interessa pelo tema, vale a pena ler.
le="margin-top: 0.5em; margin-bottom: 0.9em;">Neste site abaixo, em pdf, está um ensaio do professor Dunn, em que ele fala sobre a cultura baiana/soteropolitana e a comparação com New Orleans. Para Dunn, Bahia, Caribe e Estados Unidos, são os mentores da música mundial. Há, também, em outras revistas, artigo de sociólogos e antropólogo brasileiros, franceses, americanos e ingleses sobre a civilização afro-asiática.
Dentro de uma visão antropológica em que o divino está em todos os povos, o diálogo da Bahia com a África, Europa e Ásia, permite que, ao que foi designado no passado, Salvador/Bahia seja uma Roma Negra, melhor dizendo, uma miscelânea de várias etnias africanas, oriental, árabe, judaica. Vale a pena conferir. Americanos e europeus, às vezes, conhecem mais o Brasil do que muitos de nós, pena que também, às vezes, muito vão lá para a Bahia para nos estudar  e estes estudos se tornarem pauta de interesses de suas políticas de Estado, como por exemplo, a política de Boa Vizinhança. Mas, enfim, para quem quiser conhecer o Brasil e sua identidade matriz, os artigos são excelentes. Sempre passam pela formação da província que era a joia da coroa portuguesa, que trouxe para cá todo o seu aparato burocrático - político, administrativo e militar e a partir de então, todos os processos que forjaram o Brasil tal qual conhecemos hoje.
Nas palavras de um professor americano, somos um povo regional e global, temos a Grécia da racionalidade, a compreensão prática do Direito Romano e o sobrenatural afroasiático. Em outras palavras, racionalidade e o sobrenatural, está no nosso cotidiano e lidamos com isso sem problemas. Muitos povos no passado foram assim e deixaram sua marca, por exemplo, os egípcios, os judeus e os próprios gregos. Bem, estes somos nós, baianos, a mãe de leite do Brasil, como diria Gilberto Freyre, a Vírgínia brasileira, para Nabuco. Ou para nós, baianos, somos a essência do Brasil. Somos a essência que forma um todo continental e universal. Somos a Roma Negra.

MAIS UM ESCÂNDALO QUE SE PREPARA

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O BI CAMPEÃO

O Bahia é realmente duas vezes campeão brasileiro, disto  não tenho dúvidas,aliás, participei das festas da chegada dos campões. (Naqueles tempos, não havia a rivalidade de hoje, precisávamos aparecer, como até hoje, no cenário nacional e, qualquer que fosse o feito de repercussão nacional, abraçávamo-nos como se fóssemos iguais, de qualquer direção que viesse o feito contanto  que BAHIA ou VITÓRIA (que fazia uma excursão vitoriosa na Europa). Hoje a coisa tomou um rumo incontrtolável. Ser Bahia ou Vitória é motivo de desavença. Ser pernambucano ou baiano, é motivo de desavença.Tenho medo do que possa acontecer, mas uma coisa eu digo, o SPORT deveria ter um título. (e olhe: não morro de amores pelo RICIFI). É mais uma armação, para mais um título para o mengão! Não seria tão bom, se torcedores de Bahia e Vitória. (sem desprezar a rivlidade, logicamente, unissem-se quando se tratasse de inteteresses nacionais, assim como baianos e pernambucanos também se unissem nestes mesmos propósitos? Fica aqui esta questão para reflexão!)

Deixo a seguir o que falam (a imprensa sulista) desta decisão da CBF:
(este texto foi capturado do Bolg do Nassif)

A majestade vai assumir o trono também no Brasileirão. Pelé vai virar, ainda este mês, o “Senhor do Campeonato Brasileiro”. O anúncio será feito pela CBF, que vai oficializar a unificação dos títulos brasileiros de 1959 a 1970. Um velho pedido de Santos, Palmeiras, Fluminense, Bahia, Botafogo e Cruzeiro. Pelé será a grande atração da cerimônia que vai ser promovida pela entidade.
Com a mudança de critérios, o Santos vai passar a ter mais seis títulos nacionais e Pelé vai superar Zinho e Andrade, que com cinco conquistas atualmente são os maiores vencedores da competição. Além do Rei, Coutinho, o volante Lima e o meia Mengálvio participaram das seis campanhas de 1961, 1962, 1963, 1964, 1965 e 1968.
O Peixe vai ser o maior beneficiado com a mudança da CBF. O Santos passará a ser o maior vencedor nacional com oito conquistas. O Palmeiras, que vai ter mais quatro títulos incorporados na história, também será octacampeão. Os dois rivais paulistas vão superar São Paulo e Flamengo, que atualmente são os maiores vencedores, com seis títulos cada.
O Bahia vai passar a ser considerado oficialmente o primeiro campeão brasileiro, mérito que atualmente pertence ao Atlético-MG, vencedor em 1971.
Cruzeiro, Botafogo e Fluminense também vão passar a ter mais um título na coleção.
Sorry.
http://globoesporte.globo.com/platb/primeiramao/2010/12/13/rei-do-brasileirao/
seg, 13/12/10por thiago lavinas |categoria BotafogoCruzeiroFlamengoFluminensePalmeiras,Santos

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O GRANDE DESAFIO DE DILMA

Achei interessante e, até, didática a entrevista com o futuro Secretário de Pólítica Econômica do Ministério da Fazenda que, parece, não tem intenções de INVENTAR no que diz respeito a estratégia de defesa contra as possíveis dificuldades advindas da conjuntura internacional a ser tomada pelo futuro governo da Presidente Dilma. Vejamos, pois, a entrevista.

Sergio Lamucci | De São Paulo16/12/2010 
Escolhido para o cargo estratégida de secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, o economista Márcio Holland se define como "um desenvolvimentista fiscalista, se é que isso existe". Segundo ele, é fundamental que o país estimule os setores da indústria que fabricam manufaturados e produtos intensivos em tecnologia, para não se tornar excessivamente dependente da exportação de commodities. Evitar a valorização do câmbio é uma tarefa importante, disse Holland, ressaltando, contudo, que a perda de espaço da indústria de transformação na economia não se deve apenas ao real forte - problemas de educação, do baixo investimento em pesquisa e desenvolvimento e a deficiência da infraestrutura também atrapalham.
Professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo, Holland afirmou que os gastos públicos deverão ter que se desacelerar em 2011, num cenário de menor expansão das receitas e em que há a intenção de se elevar o superávit primário. Ao mesmo tempo, deixou claro que não gosta do termo ajuste fiscal, insistindo na importância de se avaliar melhor a qualidade dos gastos do governo, um dos pontos aos quais deve dar prioridade na Fazenda.
Mineiro, formado pela Universidade Federal de Uberlândia, Holland tem mestrado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), doutorado pela Unicamp e pós-doutorado pela Universidade da Califórnia, em Berkeley, nos EUA. A seguir, os principais trechos da entrevista, concedida ao Valor no começo da noite de ontem:

Valor: Em entrevista ao Valor em janeiro deste ano, o senhor disse: "Não podemos perpetuar essa discussão centrada em Copom, metas de inflação e taxas de juros. Precisamos discutir se queremos continuar crescendo como uma economia primária exportadora." Esse continua um dos grandes desafios do país?

Márcio Holland: Continua. O Brasil já tem dez anos de regime de metas de inflação, nos quais o BC tem mostrado alta credibilidade em controlar a inflação. Mas o Brasil tem que ir além da discussão "copomista". Oito vezes por ano, só se fala de juros. Temos que ir além de intensificar as exportações de produtos primários. Se você estudar os países mais e menos vulneráveis a choques internacionais, verá que os menos sujeitos a eles têm menor concentração de exportações. As exportações de commodities são importantes e muito bem vindas, mas os preços são mais voláteis que os preços de manufaturados. É importante ficar menos exposto a essa volatilidade, estimulando setores que produzem manufaturados e intensivos em tecnologia. O governo deve promover políticas de indução à inovação tecnológica e políticas educacionais bem direcionadas.
Valor: Boa parte dos analistas defende desaceleração do ritmo de alta dos gastos públicos em 2011 para ajudar no controle da inflação. Como o senhor vê essa questão?
Holland: O Brasil pode fazer isso, mas não deve cair na velha linha de que o ajuste fiscal por si só é suficiente. Não deve haver um corte linear de gastos. Alguns podem ser adiados e a sociedade tem que escolher, dada as restrições, o que se deve manter e o que se deve cortar. Eu prefiro não falar em ajuste fiscal, mas sim na questão da qualidade dos gastos. É importante avançar nesse sentido, de avaliar a qualidade da gestão pública.
Valor: Mas não é necessário reduzir o ritmo de gastos em 2011?
Holland: Se no ano que vem haverá mais dificuldade de arrecadação, já que a economia não deverá crescer 8% como neste ano, por definição contábil terá que haver uma desaceleração dos gastos para ter superávit primário.
Valor: Muitos economistas dizem que o país já passa por um processo de desindustrialização. O senhor concorda?
Holland: A hipótese da desindustrialização está colocada na mesa. A participação da indústria de transformação no valor adicionado está em queda no Brasil. Ao mesmo tempo, com o desenvolvimento e a urbanização, é natural o aumento da participação do setor de serviços. Mas o Brasil é um país de renda per capita ainda baixa, e é importante um emprego industrial forte, que tem um efeito multiplicador na economia.
Valor: Essa perda de participação da indústria de transformação se deve ao câmbio valorizado?
Holland: Não é só o câmbio que conta. Há também as questões da educação, do baixo volume de investimento em pesquisa e desenvolvimento, dos problemas de infraestrutura. O país também ficou muitos anos sem crescer. O tecido industrial fica comprometido, tendo que ser recomposto. O câmbio é importante, mas se se restringir o problema a ele, você pode dar incentivos perversos no tempo. E não dá para desatar sozinho o nó do câmbio, o do juro, da dívida, o da conta corrente. A concertação da política econômica é um grande desafio. É um passo a mais importante que precisa ser dado. É fundamental um maior diálogo entre os gestores da política fiscal e da política monetária.
Valor: O senhor já escreveu artigos com Edmar Bacha, mais ortodoxo, e com Luiz Carlos Bresser Pereira, de linha desenvolvimentista. O senhor é ortodoxo ou desenvolvimentista?
Holland: Eu sou um desenvolvimentista fiscalista, se é que isso existe A economia tem ser tratada sem princípios previamente estabelecidos. Eu digo que sou desenvolvimentista porque não consigo imaginar deixar o Brasil crescer menos que 5% ao ano. Temos que ter criatividade para conseguir isso. Também acho que é importante evitar a apreciação cambial e convergir os juros reais para o nível internacional. Ao mesmo tempo, acredito que o Banco Central tem feito um trabalho excelente e que o regime de metas de inflação tem sido muito importante, assim como as metas fiscais. Sou fiscalista porque sou a favor de se mensurar a qualidade do gasto e também acho que é importante ter superávit primário para alongar a dívida. Eu acredito em restrições.

domingo, 5 de dezembro de 2010

A DESPEDIDA DE LULA DA CÚPULA LATINO AMERICANA

§ 
Enviado por luisnassif, dom, 05/12/2010 - 09:16
Por Eduardo Lira
MAR DEL PLATA, Argentina (AFP) - Os participantes da 20ª Cúpula Ibero-Americana, realizada neste sábado na cidade argentina de Mar de Plata, destacaram o valor histórico das transformações impulsionadas pelo presidente Luíz Inácio Lula da Silva ao Brasil, recusando-se, ao mesmo tempo, a lhe dizer adeus.
"Ninguém vai se despedir hoje. Um militante com essa história nunca deixa a política e muito menos depois de ter desempenhado a presidência de seu país, quando realizou transformações e tarefas nunca imaginadas antes", disse a presidente argentina Cristina Kirchner, dando-lhe um beijo e um abraço.
Lula participou pela última vez do foro ibero-americano antes de passar a faixa presidencial, no dia 1 de janeiro, à sucessora eleita, Dilma Rousseff, depois de oito anos no poder.
Para uma plateia constituída de governantes de América Latina, Espanha e Portugal, Lula emocionado até as lágrimas, afirmou: "Eu sou um político latino-americano, não vou deixar a política. Vou ter mais tempo para viajar, quero discutir política e os partidos".
"Me esperem", completou, em meio a aplausos de pé de outros líderes, como o rei da Espanha, Juan Carlos, e os presidentes do Peru, Alan García, e do Equador, Rafael Correa.
Improvisando o discurso acrescentou: "Já não somos tratados como menores. Não vemos mais as pessoas brigarem por um trabalhador sem diploma universitário ter sido eleito no Brasil. Já não vemos mais brigas porque um índio foi eleito na Bolívia".
E pediu aos governos da região que continuem aprofundando a integração.
"Podemos manter relações com o mundo inteiro, mas é necessário que cada país da América Latina faça um esforço extraordinário para explotar o potencial que existe entre nós",
Lula recebeu de Cristina Kirchner uma litogravura na qual aparece dando um abraço no ex-presidente Néstor Kirchner.
Ainda segundo o presidente brasileiro, a América Latina "realizou mudanças extraordinárias, a democracia está consolidada, mas precisamos estar alertas".
"Não sou bom de despedida, mas construí com vocês uma coisa nova na América Latina".
Lembrou que as mulheres também passaram a ocupar, nos últimos tempos, mais espaço no mundo da política, numa referência a Cristina Kirchner e à presidente eleita do Brasil, Dilma Rousseff.
"Os homens que se cuidem porque as mulheres estão ocupando cada vez mais espaços", brincou.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

A "GUERRA AO TRÁFICO" NO RIO DE JANEIRO

Venho acompanhando as notícias sobre as operações de retomada de territórios pelo Estado na Cidade Maravilhosa. Tenho lido muitas dissertações teóricas das diversas vertentes ideológicas. As críticas   à espetacularização das ações são muitos e concordo (especialmente aquelas oriundas da grande imprensa.
E nesse oceano de informações sinto-me tal qual um cego num tiroteio.
De qualquer modo, fico com quem acredita ser fundamental a RETOMADA de territórios que, até então, constituíam-se em estados paralelos, independentes com vida e leis próprias. E que é preciso que o Estado, com a retomada, faça-se presente em todos os seus aspectos, devolvendo a dignidade e a cidadania aos moradores. Torço, portanto, pela retomada geográfica e, acima de tudo, pela retomada dos direitos universais aos habitantes.   
Achei interessante o que segue, obtido junto ao blog de Luis Nassif (Conversa Afiada), nesta terça-feira. Deveria fazer alguns comentários, mas como a postagem abaixo já está muito extensa, limito-me a expressar minha indignação com o trecho de uma crônica de Olavo Bilac, aqui transcrita, que reflete muito bem o pensamento ainda reinante na elite brasileira.


Enviado por luisnassif, seg, 29/11/2010 - 17:54
Por Antonio Orlando 
Nassif
Um pouco de história. Isso vai ajudá-lo a conhecer a história do negro no Brasil.
A comunidade da Vila Cruzeiro é reduto de ex escravos do Rio. Alijados da vida econômoca e social do país, os negros cariocas se refugiaram  e formaram um quilombo.
Quilombo
Antes de se tornar favela, a Vila Cruzeiro era reconhecida como Quilombo da Penha, formado no final do século XIX - logo após a Abolição – nas vizinhanças da Igreja de Nossa Senhora da Penha, a quem pertencia as terras de uma fazenda doadas por seu proprietário à Irmandade católica. A formação do Quilombo deveu-se a atuação de um padre abolicionista e republicano. O Santuário foi visitado pela Princesa Isabel, 18 dias antes de proclamada a Lei Áurea.
Ffonte Afropress
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9 comentários
seg, 29/11/2010 - 18:54
Reinaldo Melo
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seg, 29/11/2010 - 19:39
ricardo dias
Publicado originalmente em 19/05/2007
A ação policial que é realizada há mais de trinta dias na comunidade da Vila Cruzeiro localizada no bairro da Penha no Rio de Janeiro é emblemática das relações históricas mantidas entre o Estado e as comunidades pobres onde a presença negra é marcante.
Antes de ser reconhecida como uma favela a Vila Cruzeiro foi conhecida como o Quilombo da Penha. Formado no final século XIX no entorno da Igreja de N. S. da Penha proprietária das terras de uma antiga fazenda doadas por seu proprietário à Irmandade. A formação do Quilombo se deveu a atuação de um padre abolicionista e republicano no abrigo a escravos fugidos. Um fato curioso ocorrido e também emblemático foi a visita da Princesa Isabel ao Santuário 18 dias antes de proclamada a Lei Áurea.
O santuário tornou-se um importante centro de peregrinação da colônia portuguesa gerando uma das mais importante e tradicional festa popular das primeiras décadas do século XX. A própria história do samba passa pela Festa da Penha onde no mês de outubro são dedicadas homenagens à santa e se misturavam portugueses com suas tradições católicas aos negros com o candomblé, a capoeira e o emergente samba.
Já como uma referência popular por sua autoridade religiosa no candomblé Tia Ciata era uma das barraqueiras que compunham a festa atraindo ‘sambistas’ de toda a cidade.
A festa da Penha também foi durante mais de meio século o início do carnaval na cidade do Rio de Janeiro quando eram lançados os sambas e marchinhas em teste junto ao gosto popular para os bailes carnavalescos. A primeira rádio só veio a ser criada em 1923, até então era a festa da Penha o grande difusor do samba e Tia Ciata a freqüentou com sua barraca até sua morte em 1924. A capoeira também teve na Penha um dos grandes redutos de bambas e junto ao samba e ao Candomblé geravam por parte da polícia forte repressão que era aclamada e incentivada pela imprensa contra aquele “pessoal duvidoso”, os conflitos também ocorriam entre negros e portugueses.
A história local é bem registrada dada a sua importância na vida cultural da cidade e sucintamente apontada aqui em seus primórdios por alguns fatos mas suficientes como prelúdio para a situação dramática em que vive hoje a comunidade da Vila Cruzeiro.
A presença mais notória e recente sobre a Vila Cruzeiro no noticiário se deveu ao assassinato do jornalista Tim Lopes há um ano. E agora, desde há pouco mais de trinta dias quando foi iniciada uma operação policial pela morte de dois policiais militares executados por criminosos da região num local de grande comoção pela morte cruel do menino João Hélio, fato amplamente noticiado e que gerou a atual onda de ações policiais.
Começa aí o último equívoco – se é que se pode usar apropriadamente este termo para expressar a perpetuação da violência do Estado contra populações pobres, indefesas e de maioria negra. O viés racial não é uma vaga conclusão dada à origem da comunidade e ainda hoje majoritariamente negra. Por outro lado, comprovado em inúmeros estudos a racialização da pobreza e a violência do Estado sobre estas populações é mesmo um componente perverso da política “não-oficial” que submete na pele e na alma por meio de agressões e humilhações policiais, omissões dos serviços públicos e a manutenção no imaginário social pela mídia com a mesma imagem do passado sobre esta “gente duvidosa”.
Se por lado as aglomerações favelas surgiram ao acaso como meio de abrigo e moradia para os muito pobres por outro adquiriu uma função social de prover para a cidade mão de obra fácil e barata para os trabalhos mais simples ou sem qualificação. Nesta função os ‘quilombos urbanos’ em que se transformaram as favelas passaram também a representar uma ‘ameaça’, sem precisarem de um estatuto formal de “vida separada” (apartheid) como representaram os bantustões na África do Sul. Mas cumprindo um papel semelhante até certo ponto, enquanto conviesse ter uma favela por perto ou então expulsá-la de terras valorizadas. Qualquer semelhança com situações atuais sobre terras remanescentes de quilombos não é mera coincidência.
Durante a última campanha eleitoral para o governo do estado o atual governador Sérgio Cabral chegou a declarar que sobre um dos maiores focos de terrorismo sobre estas populações o temível Caveirão não seria mais utilizado para promover a in-segurança pública local. Mas ao contrário, agindo como qualquer político da época da enganação da ‘bica d’água’ tem levado às ultimas conseqüências uma política que só tem similar no regime nazista do apartheid. Eleito com expressiva votação e sob uma aliança de forças políticas progressistas o atual governador que chegou a ser apontado como eventual candidato a próxima eleição à Presidência da República tem agora inelutavelmente manchada sua anterior reputação de protetor da terceira idade e dos jovens, imagem sob a qual chegou até ao senado federal.
Não há que se confundir como uma transigência com o crime nem quando afirmamos o que se disse antes nem quando o próprio governador se manifestou favorável ao debate para a liberação do uso da maconha. O que se requer e isso o governador não promove ou realiza é uma política de segurança pública efetiva e democrática e que lhe cabe mais do que tentar legislar sobre o uso da maconha. Mas insinuo que talvez para se penitenciar junto aos setores mais escabrosos da sociedade venha agora revelar como falácias suas afirmações e declarações quanto ao uso da brutal repressão que vitima muito mais a população da Vila Cruzeiro do que o crime que pretende combater. O noticiário reitera diariamente que nestes trinta e poucos dias nenhum dos criminosos foi preso, mas “alguns foram mortos” e dezenas de moradores foram feridos, milhares estão prejudicados em suas vidas sem acesso tranqüilo ao trabalho ou a suas residências, crianças e jovens sem creches e escolas, o pequeno comércio está prejudicado entre outros transtornos que certamente hão de gerar traumas psicológicos, ressentimentos e redundar mais ainda direta ou indiretamente em violência.
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seg, 29/11/2010 - 21:06
pbiondo
Fotos da guerra do Rio publicadas pelo Boston Globe, simplesmente chocantes...
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seg, 29/11/2010 - 21:44
Zilda Santiago Maciel
Excelente a informação.Fica mais fácil entender o abandono imposto por tanto tempo.Tempos melhores para todos é o que desejo e eles merecem.
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seg, 29/11/2010 - 21:55
marco aurélio barroso
Coincidência muito interessante. Exatamente hoje, em minhas pesquisas diárias, li o seguinte:
 Coluna Brasilianas
Com os moradores da Vila Cruzeiro, Penha, realizamos debate em torno dos problemas nacionais e do nacionalismo. Convidado, estivemos com os trabalhadores em construção civil, que se preparavam para a luta eleitoral de seu sindicato. O povo brasileiro é a nossa maior riqueza. Para ele, devemos nos dirigir mais amiúde, pois só o povo poderá levar o país a bom porto, libertando-o dos grilhões do imperialismo. 
Escreveu o texto acima, exatamente há 50 anos, José Frejat - ainda vivíssimo e morando no Rio.
O jornal era O Semanário -  o jornal que valia por um bom livro. Diretor Oswaldo Costa.    
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seg, 29/11/2010 - 23:04
Alceste Pinheiro
Muito boa lembrança, Nassif.
História semelhante é a do bairro Jabaquara, em Santos.
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ter, 30/11/2010 - 08:22
Jose de Almeida Bispo
Jabaquara representa  a agonia de um modelo cujo maior representante é seu mesmo líder, o escravo Quintino, meu conterrâneo, depois major Quintino de Lacerda em Santos. Quintino foi vendido quando os senhores de engenho sergipanos - quase todos meros rentistas através do açúcar - resolveram que era melhor vender seus escravos à nascente pujança paulista do que ter trabalho em administrá-los, quando poderiam muito bem viverem "numa boa" apenas com seus empregos estatais de sinecuras muito bem pagos. Entre 1870 e 1878, em que pese a sobretaxa imposta pelo governo do Estado (então Província), quase metade já haviam embarcado pra Santos, para os cada vez mais avançados cafezais e outras atividades, mesmo sob o perigo de abordagem da marinha inglesa no mar.
Abandono. Muito bem lembrado. E a cultura da espoliação.
"se cada um alcançar dois pares ou meia dúzia de escravos (que podem um por outro custar pouco mais ou menos até dez cruzados) logo têm remédio para sua sustentação; porque uns lhe pescam e caçam, outros lhe fazem mantimentos e fazenda e assim pouco a pouco enriquecem os homens e vivem honradamente na terra com mais descanso que neste Reino,(...)" 
TRATADO DE TERRA DO BRASIL, por Pero de Magalhães Gândavo. Tratado Segundo - Das coisas que são gerais por toda Costa do Brasil, Capítulo Segundo - Dos costumes da terra
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ter, 30/11/2010 - 08:29
Jose de Almeida Bispo
Quilombo ou Mocambo?
Quilombo era local de foragido, em que pese a constante confusão feita, inclusive por historiadores (*); já Mocambo era a favela antes da guerra de Canudos que legou o nome Favela à cultura nacional. Mocambo era lugar de gente pobre, mas de bem, em que pese, como nas favelas atuais, ali também esconder-se criminosos, inclusive foragidos.

(*) Há uma confusão dos diabos por parte de muita gente, professores, principalmente, pela falta de estudo e definição sobre um aspecto da formação do Estado brasileiro, qual seja a de que era a Vila, por excelência a sede municipal; e não, necessariamente a cidade. O resultado disso é que na minha cidade, fundada vila em 30 de outubro de 1675, ainda hoje se comemora a "Emancipação" (tornar-se município, portanto) na data de elevação de status para cidade, mais de duzentos anos depois. E pouco adianta alegar que a Câmara Municipal começou a funcionar em 1698.
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ter, 30/11/2010 - 15:32
oigres
trecho de crônica de Olavo Bilac:
"Num dos últimos domingos vi passar pela Avenida Central um carroção atulhado de romeiros da Penha: e naquele amplo Boulevard esplêndido, sobre os asfalto polido, contra a fachada rica dos prédios altos, contra as carruagens e carros que desfilavam, o encontro do velho veículo, em que os devotos bêbados urravam, me deu a impressão de um monstruoso anacronismo: era a ressureição da barbaria - era uma idade selvagem que voltava, como uma alma de outro mundo, vindo perturbar e envergonhar a vida da idade civilizada... Ainda se a orgia desbragada se confinasse ao arraial da Penha! Mas não! acabada a festa, a multidão transborda como uma enchurrada vitoriosa para o centro da urbs..."
outubro de 1906
citado por Nicolau Sevcenko em "Literatura como Missão"