quinta-feira, 25 de setembro de 2014

OLODUM, ILÊ AYÊ E MOVIMENTOS NEGROS ORGANIZADOS UNIDOS POR UMA CANDIDATURA

Reproduzo postagem contida no Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim, texto de Cleidiana Ramos do jornal A TARDE, de Salvador, que trata do encontro “dos movimentos negros organizados... na sede do bloco Ilê Aiyê”. E o que mais me chamaram a atenção foram as declarações de João Jorge, presidente do Olodum, militante do PSB, “A eleição tem um tom democrático de plebiscito entre as políticas de igualdade e o estado  liberal mínimo que permite a influência de poucos, o que para mim é perigoso... Meu partido, o PSB, no qual ela entrou porque não conseguiu criar o seu,  em 1947  lutou pela liberdade religiosa, questão que ela não entende, além de reunir apoios como o de Marco  Feliciano que faz um mal enorme à  defesa dos direitos humanos

Saiu no A Tarde:

Cleidiana Ramos

Demorou, mas o debate com base nas bandeiras históricas dos movimentos negros organizados – combate ao racismo, desigualdades e intolerância religiosa – ganhou projeção no cenário eleitoral baiano. Ontem, na sede do bloco Ilê Aiyê, foi divulgada uma carta de apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT).

O encontrou aconteceu quatro dias após o PSB ter organizado, em Salvador,  evento para recepcionar  a candidata do PSB à presidência, Marina Silva (PSB), no último sábado, com ênfase na questão étnico-racial.

DIVERSIDADE

O evento de apoio a Dilma reuniu 25 representantes de associações do movimento negro organizado, incluindo  históricas como o MNU, as  do movimento pela igualdade de gênero (Fórum das Mulheres Negras) e do combate à intolerância religiosa: Coletivo de Entidades Negras (CEN) e Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen).. Entidades de outros estados como a Malungu do Pará também assinam o documento.

“Nós reconhecemos que o governo, a partir da gestão Lula,  tem feito a inclusão sócio-racial no Brasil”, disse Raimundo Bujão, membro do MNU. A  reunião contou com a participação de Angela Guimarães, que integra a coordenação nacional da campanha de Dilma Rousseff.

Em discursos, como o de Antônio Carlos Vovô, presidente do Ilê, houve menção de apoio a Rui Costa, candidato ao governo pelo PT.

“O que está em jogo não é apenas uma disputa eleitoral, mas projetos políticos. A nossa opção é por aquele que tem  conquistas mais próximas às bandeiras que historicamente nos defendemos”, disse Gilberto Leal, da Conen.

Dentre os signatários da carta de apoio a Dilma surpreendeu a assinatura do Olodum. O seu presidente, João Jorge Rodrigues é filiado ao PSB. Ele diz está sendo coerente por considerar que há dois projetos políticos em jogo e que se identifica com o do PT.

“A eleição tem um tom democrático de plebiscito entre as políticas de igualdade e o estado  liberal mínimo que permite a influência de poucos, o que para mim é perigoso”, aponta.
Para ele, a redução de pessoas na linha de pobreza, por meio de programas como o Bolsa Família e o  Minha Casa,  Minha Vida combatem desigualdades que têm raízes no racismo.  “Como militante de direitos humanos, da consciência negra e luta pela igualdade  não poderia apoiar outra proposta”, afirma.

João Jorge não poupou críticas a Marina Silva. “Meu partido, o PSB, no qual ela entrou porque não conseguiu criar o seu,  em 1947  lutou pela liberdade religiosa, questão que ela não entende, além de reunir apoios como o de Marco  Feliciano que faz um mal enorme à  defesa dos direitos humanos”, afirmou.


Ele destacou que foi correligionário de Marina Silva no PV, logo após ela ter saído do PT. “Por conta dela, o PV abriu mão de bandeiras como a descriminalização do aborto e da legalização da maconha”.