quarta-feira, 7 de maio de 2014

O CULPADO PELAS MAZELAS CENTENÁRIAS

Os dois primeiros parágrafos do artigo abaixo transcrito (do Blog de Luis Nassif) retratam o que a grande imprensa impõe como fatos que desaprovam o governo legitimamente eleito e por isso fazem aberta campanha pela volta dos malfadados tucanos. Como “luta de classe” quer dizer que o governo GASTA DEMAIS com os pobres (projetos sociais). Como o “seu” Jabor escreveu no jornal a voz do golpe militar, referido no segundo parágrafo, (e jornais nacionais, jornais bons dias, boas tardes...) prega que todas as mazelas veiculadas são da culpa exclusiva do PT.
Os dois últimos parágrafos, no entanto, reproduzem fielmente os fatos: há perdas de privilégios em favor do crescimento da renda dos mais necessitados, (o salário mínimo está alto, disse o Sr. Arrocho Neves, candidato tucano). Privilégios estes secularmente mantidos e usufruídos pelos poderosos. Mas o povo não é burro!

qua, 07/05/2014 - 08:08 - Atualizado em 07/05/2014 - 08:12
Por Daniel Florêncio

Há certo tempo atrás uma brasileira estudante de jornalismo apareceu no site do Guardian com um artigo de opinião onde afirmava que o atual governo brasileiro havia instaurado uma "luta de classes" no país, opinião que parece ter sido assimilada entre os mais abastados.

Na mesma linha, hoje no "O Globo", Arnaldo Jabor põe na conta do atual Governo e do PT todas as monstruosidades que acontecem no país. Dos presos decapitados no Maranhão ao garoto assassinado pela madrasta no Rio Grande do Sul.

A lógica por trás de ambos os argumentos é de uma hipocrisia torpe, além de historicamente cega.

Quem afirma que o atual governo promove uma "luta de classes" só pode ter adormecido pelos últimos séculos. Ninguém nesse país promoveu mais uma batalha contra os trabalhadores, negros e pobres quanto as elites do país. Desde a política racista de incentivo a imigração européia no início do século XX, com o intuito de "embranquecer o país" após a abolição da escravatura, colocando milhares de negros a margem, até a manutenção por décadas de uma política de salário mínimo defasada que mantinha legitimada a pobreza do trabalhador, passando, claro, pela instituição de uma polícia que até hoje, mata, tortura e espanca o pobre indiscriminadamente, com
a função de mante-lo no seu lugar.

Quando Jabor afirma que as práticas medievais que menciona são frutos da "contemporaneidade pessimista" do país, ele esquece de mencionar que esse "pessimismo" é fruto única e exclusivamente dessa mesma elite mencionada anteriormente, e cujas idéias e aspirações são reflexo das manchetes e colunas de opinião do jornal aonde escreve e dos outros meios de comunicação, controlados por ela.

A realidade, no entanto, distante da redação do O Globo, ou dos bairros de classe média alta é que a vida melhorou.

Não há promoção de "luta de classes". Há promoção da cidadania. Pois quando o sujeito tem o que comer e o que vestir, ele não vai mais se dispor a lavar a cueca de playboy a troco de migalhas. E quando o filho desse mesmo sujeito estudar e for a faculdade, ele vai questionar o porque de ele não ocupar a mesma vaga de emprego ou frequentar os mesmos lugares que, antes, eram reservados a outros.

Não há promoção de "luta de classes". Há perda de privilégios. E quando a renda dos mais pobres tem um crescimento acima da média dos mais ricos, nada mais natural que ver o rico espernear.


Esperneiam pregando o caos e a balburdia, acusando os agentes responsáveis pelas mudanças de serem os culpados pelos horrores, reflexo de séculos de sua própria dominação social e econômica.