sexta-feira, 23 de novembro de 2012

AEROPORTO DOIS DE JULHO

Encontro-me no aeroporto, nos preparativos para embarque para São Paulo. Almocei assistindo a um DVD de Paula Toller (é assim mesmo?) está sensacional. É bem diferente da imagem sua que criei ouvindo-a, tão somente por CD; sem ser fanfarrona, sua apresentação é de uma dinâmica admirável e sua voz, contradizendo-me, é gostosa, suave, encaixando-se bem num cuidadoso repertório. Pô, gamei. (como se dizia nos anos 70’).

Já ouvi alguém dizer: aeroporto é um grande shopping center e é verdade.

Este aeroporto, anteriormente designado Aeroporto Internacional Dois de julho, teve seu nome grosseiramente substituído pelo nome do filhinho do então “dono da Bahia”, num desrespeito total aos heróis da independência e à própria saga da luta pela independência na Bahia, e, somando-se à maior expressão da megalomania do “coronel”, o filho do então “dono da Bahia”, é “elevado” à condição de ser superior, santificado. É o que a nós nos expõe, a nós nos impõe, um gigantesco mural ricamente trabalhado numa daquelas imensas paredes do aeroporto (e pago por quem?!!!). Ali está o queridinho do “rei” “ascendido aos céus” da Bahia ao lado de uma figura de santa da igreja católica, acima de pessoas de “santo”, pessoas do axé, como se diz por aqui.

Enquanto espero a ordem de embarque, leio o livro “Crônicas Brasileiras”. Darcy Ribeiro, o autor, é um grande vulto da nossa história contemporânea e a posteridade ainda há de reconhecer a sua importância; assim como, tantos outros esquecidos, relegados e, até, desterrados. Este livro, que é de crônicas, faz-me relembrar, de início, tudo aquilo que antecedeu à implantação dos “anos de chumbos” em que vivemos os brasileiros. Relembra-me como um Presidente da República legal e legitimamente empossado, com ideais reformadores e democráticos, foi deposto impiedosamente, em ação capitaneada por um país estrangeiro “amigo” (mui amigo) e com ajuda das forças retrógradas, sob o manto do udenismo, que se sentiam ameaçadas com as reformas de base, e que até hoje relutam em aceitar e trabalham junto com a grande imprensa para desacreditar, desestabilizar o governo do Presidente Lula Inácio da Silva e da Presidenta (êta termo que dá comichão a certas pessoas!) não obstante todo o sucesso que vem obtendo, (com grande aceitação popular) e a operacionalização de militares entreguistas. Conjugação afinadíssima que já havia levado Getúlio Vargas ao suicídio; obrigado a implantação de um esdrúxulo parlamentarismo (afora movimentos conspiradores anteriores sufocados e que não foram poucos, v. período do governo JK).    

 
   
 
 

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

OS MAIS RECENTES PRÊMIOS CONCEDIDOS A LULA


Tenho sido forçado a, na prática, me desviar dos objetivos principais deste meu Blog, tamanha é a campanha que a grande imprensa, mais conhecida por PIG (Partido da Imprensa Golpista), pratica de descrédito, de aniquilamento de Lula e do Partido dos Trabalhadores e de claras intenções golpistas contra o legítimo e, até então, bem sucedido governo da Presidenta Dilma. As notícias más, até criadas por eles mesmos, têm uma repercussão orquestravelmente maciça. Já notícias boas, que enaltecem Lula, o PT, ou Dilma e seu governo, viram simples notícias de “rodapé”, quando divulgadas.

O exemplo bem recente está com a reprodução dos dois textos que estão a seguir. Pelo primeiro é noticiado que o ex-presidente Lula Inácio da Silva recebeu, no dia 6 p. passado, o prêmio Nelson Mandela de Direitos Humanos, concedido por uma associação canadense de trabalhadores da indústria automotiva e justifica que o “prêmio é um reconhecimento à contribuição do ex-presidente do Brasil para a inclusão social e o combate à fome. "Você deu enorme esperança a todos nós, mundo afora, mostrando que há alternativas ao modelo conservador de tantos governos hoje em dia". No segundo, o “Ex-presidente venceu por unanimidade o prêmio, que tinha a concorrência de 177 personalidades; motivo foi a luta de Lula pelo crescimento econômico do Brasil e para "erradicar a pobreza e a miséria" durante seus dois mandatos”. Referido prêmio é concedido pelo governo autônomo da Catalunha, na Espanha. E fica a pergunta, quem aqui, pelo menos por aqui, em Salvador, ouvi ou leu na grande imprensa alguma nota sobre estes fatos. Não! A eles (os do PIG) não interessa sua divulgação.    
 
de O Estado de S. Paulo

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Por implacavel

Lula recebe prêmio Nelson Mandela de Direitos HumanosPremiação reconhece contribuição do ex-presidente para a inclusão social e o combate à fome
SÃO PAULO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta terça-feira, 6, o prêmio Nelson Mandela de Direitos Humanos, concedido pela Canadian Auto Workers (CAW), a Associação Canadense de Trabalhadores da Indústria Automotiva. A entrega ocorreu na sede da Confederação Nacional dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. A entidade canadense mantém relações de correspondência com a brasileira Central Única dos Trabalhadores (CUT). Lula participou da abertura da Conferência Nacional de Negociação Coletiva Metalúrgica e discursou no evento.

Durante a entrega, foi apresentado um vídeo com saudação do presidente nacional da CAW, Ken Lewenza, para quem o prêmio é um reconhecimento à contribuição do ex-presidente do Brasil para a inclusão social e o combate à fome. "Você deu enorme esperança a todos nós, mundo afora, mostrando que há alternativas ao modelo conservador de tantos governos hoje em dia", diz Lewenza na gravação. Lula também discursou no evento. O prêmio, oferecido a cada três anos a uma personalidade mundial, foi concedido a Lula em agosto deste ano. Como a agenda do ex-presidente não permitiu a viagem ao Canadá, a entrega foi transferida para a cidade onde Lula reside.

Do Brasil 247
Lula recebe Prêmio Internacional da Catalunha

Ex-presidente venceu por unanimidade o prêmio, que tinha a concorrência de 177 personalidades; motivo foi a luta de Lula pelo crescimento econômico do Brasil e para "erradicar a pobreza e a miséria" durante seus dois mandatos

2 DE ABRIL DE 2012 ÀS 15:31

Agência Brasil - O governo autônomo da Catalunha, na Espanha, anunciou hoje (2) que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o vencedor do 24º Prêmio Internacional Catalunha 2012. A informação foi divulgada pelo Instituto Lula.

O ex-presidente venceu por unanimidade a eleição, na qual concorriam 177 personalidades de 57 países. Durante o anúncio do prêmio, o presidente do governo catalão, Artur Mas, disse que a escolha de Lula foi motivada pela luta que o ex-presidente travou em seus dois mandatos pelo crescimento econômico do Brasil e para "erradicar a pobreza e a miséria" do país.

Na cerimônia, foi lida uma carta em que Lula manifesta "alegria e orgulho" pelo prêmio. "[O prêmio é] "uma conquista que reforça a minha convicção na importância de lutar por uma sociedade mais justa e democrática, sem fome e sem miséria", diz o ex-presidente na carta.

De acordo com o Instituto Lula, o júri, presidido pelo escritor e filósofo Xavier Rubert de Ventós, também elogiou a política adotada pelo ex-presidente, “a serviço de um crescimento econômico justo, que colocou seu país à frente da globalização”.

O Premio Internacional Catalunya é concedido anualmente desde 1989 a personalidades internacionais dos meios político, econômico e cultural. Entre os homenageados anteriores incluem-se os ex-presidentes ou primeiros-ministros Jimmy Carter, dos Estados Unidos, em 2010; Vaclav Havel, da República Tcheca, e Richard von Weizsacker, da Alemanha, em 1995; Jacques Delors, da França, em 1998; os intelectuais Edgar Morin, da França, em 1994, Karl Popper, da Áustria e naturalizado britânico, em 1989, e Claude Lévi-Strauss, da França, em 2005.
UMA CORREÇÃO: O SEGUNDO PRÊMIO É DE ABRIL DE 2012, MAS VALE COMO EXEMPLO, SIM. (Mário César)

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

SOBRE AS RECENTES ELEIÇÕES


Baixada a poeira provocada pelas eleições municipais do último mês de outubro, há que se fazer uma reflexão.

Sobre a eleição em Salvador

Diante de uma série de fatores negativos (vejamos adiante), eu estive sempre contando com a vitória do candidato dos demo (é bem apropriado o apelido, não?), mesmo assim,  ainda restava um fio de esperança na virada de jogo. Mas impossível, tive que reconhecer, em face de setores ditos da esquerda, por um estúpido revanchismo, posicionaram-se a favor da direita retrógrada, de onde não podem vir, de forma alguma, medidas benéficas aos mais necessitados, medidas de cunho social. Realmente, a atuação do governo de Jaques Wagner, desastrosa na administração das greves dos PMs e, especialmente, dos Professores, além de não ter sabido comportar-se devidamente com relação à situação da capital , o que parece resultar em “uma Salvador abandonada” sob a responsabilidade de  uma mistura de João Henrique com Wagner,), para os menos desavisados.

Tudo isto foi decisivo na derrota de Pelegrino. Somado a isto, tem o prefeito eleito, Neto, a mídia em suas mãos, especialmente a TV Bahia, de sua propriedade, que logicamente não poupou esforços no sentido de fazer, mesmo subliminarmente, campanha pelo seu dono. Os votos de Mário Kertész, de origem na classe média, o terceiro colocado no 1º turno, não fosse o revanchismo de certa esquerda e a maciça campanha midiática do “mensalão”, poderia fazer alguma diferença. Enfim, além de tudo, o nome Pelegrino já é desgastado. Acredito que as esquerdas realmente preocupadas com o direcionamento de políticas que visem tornar esta cidade habitável sob todos os aspectos, e não com interesses específicos, deverão aprender com a derrota e rever certos conceitos, principalmente criação de novas lideranças.

O PSOL e a realidade entre militância e governança

Tomo conhecimento de que “Prefeito eleito pelo PSOL em Macapá diz querer diálogo com Sarneye “ ...Não é o militante Clécio que está procurando o cacique José Sarney. É o prefeito que vai procurar a base parlamentar eleita pelo povo de Macapá para pedir ajuda. Para que eles cumpram seu papel institucional. Não podemos abrir mão da ajuda de ninguém. Então é necessário que a gente abra esse dialogo institucional republicano - justifica.e mais: “...elogia a adesão do DEM e do PSDB à sua candidatura no segundo turno.. O que dirão os “combatentes” militantes do partido que se diz símbolo da pureza política deste varonil Brasil e que “mata” o Partido dos Trabalhadores por causa de suas “inaceitáveis” alianças partidárias.

 

A Opinião Pública vs a Opinião Publicada

De Bob Fernandes, transcrevo um artigo publicado no Terra Magazine:

Outra vez a opinião pública derrotou a opinião publicada

Cada um irá ler e analisar o resultado da eleição com suas razões. Ou, com o fígado. Mais com o fígado do que com razões, muitos apostaram que Lula seria derrotado em São Paulo. Lula bancou sua maior aposta. E ganhou com Fernando Haddad na maior e mais poderosa cidade do Brasil.

Toneladas de papel, centenas de horas e horas nas rádios e TVs, bits e mais bits foram gastos para explicar como e porque Lula seria inexoravelmente derrotado. Se tivesse perdido, choveriam manchetes sobre a "estrondosa derrota", análises infindas brotariam com erros que teriam levado à "derrota monumental".

Já os números são inequívocos: o PT e o PSB saem da eleição com mais prefeituras e mais eleitores. Juntos, conquistaram 31% dos eleitores e 1.076 das prefeituras do Brasil. O PMDB, que encolheu, mesmo assim venceu em 1.026 cidades. Somente estes três partidos da base da presidente Dilma, PT, PMDB e PSB, governarão 2.102 das 5.556 cidades. E governarão 48% dos eleitores do Brasil.

Eduardo Campos (PSB) sai forte, fortíssimo das urnas. Pode seguir com mais espaço no governo Dilma, e pode começar a ensaiar seu voo solo. Não faltará quem queira o governador de Pernambuco em duetos, tercetos...

Aécio Neves (PSDB), no primeiro turno, também venceu. É paradoxal, como costuma ser a política, mas Aécio ganha espaço com a derrota de José Serra. Não há quem não saiba que os dois tucanos não se bicam.

José Serra perdeu para um conjunto de fatores: fadiga de material, má avaliação do prefeito Kassab, erros na campanha... mas Serra perdeu também para si mesmo.

Serra perdeu porque costuma subestimar os demais. Porque imagina, quase sempre, que "o outro" é um inimigo, seja o "outro" quem for. E essa é uma equação que não fecha. Menos ainda na política, onde a conta sempre chega.

Lula, Dilma e o PT perderam batalhas. Em Salvador, Campinas, Fortaleza, Porto Alegre, Recife... e outros tantos cantos. Como também perderam Eduardo Campos e Aécio Neves. Mas, é fato, eles venceram suas batalhas simbólicas.

Kassab e seu PSD ganharam 497 prefeituras... mas perderam a poderosa São Paulo, um símbolo com 6% do eleitorado do país.

Perderam os que superestimaram e apostaram em efeitos imediatos do julgamento no Supremo Tribunal Federal.

O chamado "mensalão" é um conjunto de fatos objetivos. De fatos graves, ou gravíssimos.

Mas não funcionou magnificar o "mensalão" ainda mais. Não funcionou fazer de conta que o "mensalão" é caso único e isolado na vida político-partidária brasileira.

O Brasil tem hoje 80 milhões de usuários na internet e 50 milhões usam redes sociais no cotidiano. Portanto, milhões e milhões de pessoas ouvem falar de outros escândalos, alguns monumentais. Esses escândalos não chegam às manchetes. Muitas vezes mal são noticiados, ou, nem são noticiados na chamada grande mídia. É como se tais escândalos não existissem.

Talvez por isso, mesmo com a gravidade do caso "mensalão", 20% dos eleitores do Brasil se abstiveram; em São Paulo, incluídos os nulos, o número bate nos 30%.

É muito, pode ser mesmo significativo de algo, mas quem é do ramo, como José Roberto de Toledo, de O Estado de S.Paulo, recomenda cautela: tais números precisam ser revistos à luz de uma atualização de cadastros; entre mortos e etc., a conta pode não ser exatamente esta.

Mas, fato objetivo, o "mensalão" não deu a vitória para quem se valeu do julgamento como arma e discurso principal na campanha.

O porque desse descompasso entre uma causa, "o mensalão", e o que tantos buscaram, os efeitos imediatos, para esta eleição, é coisa para pesquisadores, sociólogos e demais "ólogos". Mas cabem alguns raciocínios mais simples.

Por exemplo: das 5.556 cidades do Brasil, 70% têm menos de 20 mil habitantes (com 17% do eleitorado). Seus moradores, portanto, conhecem, sabem "quem leva" e "quem não leva". E sabem que o "levar" é, infelizmente, multipartidário.

O mesmo sabem moradores de milhares de cidades com dimensões que ainda permitem saber quem é quem. Ou, "quem leva" e "quem não leva". Talvez por isso o ex-governador de São Paulo Claudio Lembo (PSD) – que não é um perigoso esquerdista – tenha feito uma importante, intrigante pergunta depois da eleição:

- Os brasileiros estão afastados dos valores éticos, ou os eleitores se consideraram manipulados pelos mecanismos (os meios) de informação?

Diante do que se viu, se leu e se ouviu antes e durante as eleições, cabe uma constatação: em muitas porções do Brasil, e mais uma vez, a opinião pública derrotou a opinião publicada ”.