terça-feira, 21 de maio de 2013

A CAXIROLA, “A REVOLTA DAS CAXIROLAS”, O BARRISMO PERNAMBUCANO, ETC.


Desde que ouvi falar na invenção da caxirola, eu pensei. Pô, “não tem nada a ver”. Bem, mas tantas são as coisas que ouço e vejo “neste mundo de meu Deus” e que penso com meus botões sobre a inutilidade, a impropriedade; enfim, o absurdo de sua existência (das coisas, hein! Por favor), mas que subsistem, convivem, regram modo de agir, modo de viver. São modismos duradouros, até, que não mais me surpreendem, nada mais é surpresa. Mas, bem, falava eu das pretensas substitutas das vuvuzelas africanas, as caxirolas, uma “sacada” de mercado, simplesmente. Não tem diferença do caxixi. É um caxixi de plástico. Por isso, a sonoridade é um pouco mais estridente. Mas a única diferença que eu vejo é que a caixirola, por ser feita de um material mais duro, pode ser usada para machucar alguém”, disse o músico”. (quem diz isto é Naná Vasconcelos, o famoso, com méritos, percussionista pernambucano). O nosso percussionista maior, Carlinho Brown, resolveu “inventar”, como já disse, a substituta das vuvuzelas, que teve simplesmente seu fim trágico, pois um “invento” tão inimaginável, tão genial, que somente serviu (e uso o passado porque já está estabelecido seu fim) para “ REVOLTA DAS CAXIROLAS”. Uma revolta eminentemente popular ocorrida por volta do mês de maio, da segunda década do século 21, revolta esta nascida no seio de uma população reprimida, humilhada, aprisionada nos grilhões impostos por uma outra nação dominante, opressora, insensível, cuja soberania já perdura, impiedosamente, por mais de um decênio e que deverá se estender por mais e mais, porém de resultados nada favoráveis para aquelas sofridas gentes, gentes que dominaram por muitos anos, mas à custa de métodos escusos. Bem, deixa prá lá. O resultado prático foi tão somente o fim de sonhos de ganho fácil.

Deixando de lado o fato desagradável que decretou o fim das caxirolas e agora falando sério. Eu tenho certeza que Brown conhece o que é caxixi. Tanto conhece que o caxi de caxirolas vem daquele instrumento. Por que não sugerir o uso de caxixis? Sabem quanto custa, ou melhor quanto custaria uma caxirola? Quase que trinta reais. Quanto custa um caxixi? No mercado modelo, será cerca de um 1/3 do preço do “novo” instrumento. Quem fabricará, melhor, quem fabricaria a caxirola? Quem fabrica o caxixi? Resposta a estas duas perguntas: quem sabe uma multinacional fabricou e fabricaria a caxirola e o caxixi é e será fabricado por artesãos baianos. Fácil entender a lógica de mercado, não?

PS.: ia esquecendo-me. Viajando pela internet, em pesquisa sobre a caxirola, tristemente li comentários imbecís de pernambucanos destilando atávicos, ultrapassados e inaceitáveis rancores barristas.  

sábado, 11 de maio de 2013

“A imortal baiana do camdomblé”


Vem coincidir com o convencionado dia das mães, reportagem publicada na revista Carta Capital sob o título “A imortal baiana do camdomblé”, assinada por Cynara Menezes. Referida reportagem aborda a eleição da “mãe de santo Stella de Oxóssi”, no dia 23 do último mês, para a Academia de Letras da Bahia, “lugar ocupado no passado pelo poeta Castro Alves". Como registra a reportagem, Stella diferentemente do “hábito dos candidatos nesta e em outras praças não tinha feito campanha e foi uma surpresa, como afirma a “ialorixá do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, primeira mãe de santo acadêmica do País: “levei um choque, pois é uma coisa que não é comum”.

Gosto, sempre que tenho oportunidade, de ler o que escreve a ialorixá no jornal A TARDE. Seus textos são gostosos de ler, ela consegue transmitir idéias transcendentais, até, de uma forma simples, bem entendível.

Bem, Da. Stella, conheço um pouco de sua história, formou-se em Enfermagem pela Escola Bahiana de Medicina e atuou na profissão por “30 anos até ser escolhida em 1976, mãe de santo do Ilê Axé Opô Afonjá”; portanto, ao que me parece, a única mãe de santo com nível superior e agora “imortal”, na Academia Baiana de Letras e, vejam bem, na cadeira que foi ocupada por ninguém menos que o Poeta dos Escravos.

E faço este registro com muito orgulho, por ver mais um(a) representante do humilde estrato da população, da raça negra, especialmente, ser reconhecido(a), pelas “elites”, porque seu valor entre seu povo é inegável.

Parabéns, Da. Stella. Parabéns para todas as mães!

domingo, 5 de maio de 2013

Por que a oposição cobra do PT práticas que nunca adotou?


Esta é a grande pergunta que faço. Para as oposições, inclua-se ai a grande imprensa, ou PIG (Partido da Imprensa Golpista, segundo os blogueiros “sujos”), tudo de nefasto que existe nesta secular política foi trazido agora pelo Partido dos Trabalhadores, especialmente pelo sapo “barbudo”. Vejamos o texto abaixo transcrito no blog viomundo, da lavra de Marcos Coimbra.

por Marcos Coimbra, em Carta Capital, sugestão Julio Cesar Macedo Amorim

É possível que as oposições brasileiras tenham, de si mesmas, uma péssima imagem. E que seus porta-vozes uma ainda pior. Haveria outra razão para que cobrem, do governo e das lideranças petistas, comportamentos aos quais nunca se sentiram obrigadas? Que clamem aos céus quando seus adversários fazem o que sempre foi sua marca registrada?

Por que só o governo e os petistas pecariam ao fazer como elas? Qual o motivo de denunciá-los, se suas práticas, em tantos momentos, foram iguais? Só pode ser porque, do PT, esperavam mais. Porque, no fundo, no fundo, achavam que o PT deveria ser diferente delas.

Por ser formado por pessoas mais idealistas e menos conspurcadas pelos velhos vícios de nosso sistema político, o PT não deveria agir do mesmo modo.

O que seria admissível para elas, considerando uma compreensível falta de escrúpulos, seria indesculpável em um petista.

Há, no entanto, outra hipótese. Talvez não seja uma espécie de pundonor envergonhado que as leve a exigir do PT que seja o que elas não conseguem ser. Talvez seja puro cinismo. Se, por decência, o PT não deveria fazer o que elas fazem, seriam elas as indecentes. Se, ao contrário, não era condenável o que fizeram quando estavam no poder, exigir que o PT deixasse de fazê-lo quando chegasse a sua vez chegaria a ser desfaçatez.

Tomemos, como ilustração, o debate dos últimos meses sobre a “antecipação” da eleição presidencial de 2014. O responsável por tê-la deflagrado seria Lula, ao afirmar que Dilma Rousseff é a candidata natural do PT na sucessão do ano que vem.

Nove em dez lideranças oposicionistas passaram a “denunciar” o gesto do ex-presidente, como se tivesse dito algo além do evidente: que Dilma faz um bom governo e tem todo o direito de buscar a reeleição. Os funcionários da mídia ligada à oposição, achando que faziam “jornalismo crítico”, engrossaram o coro de repúdio à “antecipação”.

Em primeiro lugar, a própria ideia faz pouquíssimo sentido. Reclamar da “antecipação” implica acreditar que exista uma “hora certa” para que o eleitorado de um país possa começar a discutir seu futuro. Que, até lá, todos deveriam ser proibidos de tratar do assunto. Quem ouviu a grita das lideranças oposicionistas e da “grande imprensa” pode ter pensado que nunca tínhamos tido a “antecipação” que questionaram. Que, antes de Lula “antecipar” a eleição de 2014, as anteriores aconteceram em sua “hora natural”.

Mas o fato é que a mais radical “antecipação” de uma eleição presidencial em nossa história aconteceu no governo tucano. Mais precisamente, quando Fernando Henrique Cardoso levou a maioria parlamentar que o apoiava a aprovar uma emenda constitucional que lhe dava o direito de pleitear um segundo mandato.

Exposto o interesse do Planalto na emenda da reeleição e revelados os bastidores da atuação de seus operadores para fazê-la passar no Congresso, ficou evidente que FHC era candidato a permanecer no cargo. Tanto que estava disposto a pagar para ter o direito de disputá-lo.

O que significa dizer que a eleição de 1998 começou, oficialmente e em razão do comportamento e das declarações do presidente da República e de seus assessores, quase dois anos antes da hora. Se alguém quisesse falar de “antecipação” melhor exemplo que esse não haveria.

Algo semelhante ocorre em relação a outra “denúncia”oposicionista, de que Dilma, após lançada “precipitadamente” sua candidatura, estaria “usando o governo” com “fins eleitoreiros”. O momento mais extraordinário de “uso eleitoral do governo” em uma sucessão presidencial moderna no Brasil ocorreu na eleição de 1994, a primeira vencida por FHC. Mas todas as manifestações recentes das oposições, aparentemente, o esquecem.

Existiria exemplo de uso eleitoral do governo maior que o lançamento do Plano Real em 1994? Seria possível fazer mais que implantar um programa anti-inflacionário em um cronograma fixado de forma a coincidir com o calendário eleitoral?

De teatro em teatro, o que as oposições partidárias e a direita midiática pretendem é atar as mãos do governo e do PT, impedindo que faça o jogo político dentro das regras que elas próprias escreveram. Na verdade, não é por autocrítica ou cinismo que fazem assim. É apenas por esperteza