sábado, 1 de outubro de 2011

Um Doutor da Periferia

Da revista MUITO, do domingo (18/09), há uma interessante entrevista com José Eduardo Ferreira Santos. Eduardo tem 36 anos, é morador de uma casa em Novos Alagados, onde concedeu a entrevista e mantém um acervo de “dezenas de obras, a maioria de artistas do subúrbio ferroviário”, resultado de suas pesquisas. Ele é “formado em pedagogia, fez mestrado em psicologia... doutorado em saúde coletiva; nesse doutorado estudou “as repercussões de homicídios em jovens da periferia soteropolitana”. Filho de “pai semianalfabeto, vendedor de bananas, e mãe dona de casa”, ele é professor universitário, autor de quatro livros, sendo o último, lançado pela “editora Ponti di carta”: Novos Alagados: Diário di uma favela, na Itália.
Pessoas com perfil deste porte, chamam minha atenção, fazem-me ter-lhes orgulho, como se fossem amigos próximos, parentes; pois, são pérolas extraídas da brutal amalgamada população da periferia.
Conheçamos mais sobre José Eduardo. Sobre seu livro lançado na Itália, ele diz: “...desde 1996 eu escrevo tudo que se passa no bairro, como diário de campo...Acho importante que a gente registre a nossa história. E me incomoda muito isso de que são sempre as pessoas de fora que escrevem sobre a gente”.
De sua entrevista, extraio algumas opiniões, idéias, etc. Doutor, (não é aquele doutor, médico, ou doutorado vindo das elites), não ganha dinheiro! Conclusão que tiro diante da sua moradia, localização e aspectos humildes em suas vestes; a falta do pai implica em filho violento; a violência faz a pessoa humana refém; o tráfico de drogas devora vidas; o  aumento do tráfico no Nordeste é resultado do combate no eixo Rio-SP, para onde vão os maciços recursos financeiros e materiais, federais; pois, dali é gerada repercussão internacional. “Periferia não repercute”. No subúrbio, a universidade faz pesquisas, “por que não há universidade no subúrbio?”.