Já ouvi alguém dizer: aeroporto é um grande shopping center e é verdade.
Este aeroporto, anteriormente designado Aeroporto
Internacional Dois de julho, teve seu nome grosseiramente substituído pelo nome
do filhinho do então “dono da Bahia”, num desrespeito total aos heróis da
independência e à própria saga da luta pela independência na Bahia, e, somando-se à maior
expressão da megalomania do “coronel”, o filho do então “dono da Bahia”, é “elevado”
à condição de ser superior, santificado. É o que a nós nos expõe, a nós nos impõe,
um gigantesco mural ricamente trabalhado numa daquelas imensas paredes do
aeroporto (e pago por quem?!!!). Ali está o queridinho do “rei” “ascendido aos
céus” da Bahia ao lado de uma figura de santa da igreja católica, acima de
pessoas de “santo”, pessoas do axé, como se diz por aqui.
Enquanto espero a ordem de embarque, leio o livro
“Crônicas Brasileiras”. Darcy Ribeiro, o autor, é um grande vulto da nossa
história contemporânea e a posteridade ainda há de reconhecer a sua importância;
assim como, tantos outros esquecidos, relegados e, até, desterrados. Este
livro, que é de crônicas, faz-me relembrar, de início, tudo aquilo que
antecedeu à implantação dos “anos de chumbos” em que vivemos os brasileiros.
Relembra-me como um Presidente da República legal e legitimamente empossado, com
ideais reformadores e democráticos, foi deposto impiedosamente, em ação
capitaneada por um país estrangeiro “amigo” (mui amigo) e com ajuda das forças retrógradas, sob o manto do
udenismo, que se sentiam ameaçadas com as reformas de base, e que até hoje
relutam em aceitar e trabalham junto com a grande imprensa para desacreditar,
desestabilizar o governo do Presidente Lula Inácio da Silva e da Presidenta
(êta termo que dá comichão a certas pessoas!) não obstante todo o sucesso que vem
obtendo, (com grande aceitação popular) e a operacionalização de militares entreguistas.
Conjugação afinadíssima que já havia levado Getúlio Vargas ao suicídio;
obrigado a implantação de um esdrúxulo parlamentarismo (afora movimentos
conspiradores anteriores sufocados e que não foram poucos, v. período do
governo JK).