terça-feira, 20 de agosto de 2013

Uma Criança Paraquedista


Por acaso, tomei conhecimento pela TV da história envolvente da uma certa criança. Esta criança caminha, corre, nada, faz e acontece. Por estas e outras é que sou forçado a rever o meu conceito de velhice, o meu conceito sobre o idoso. Quem me conhece sabe que sou um setentão (como se dizia noutros tempos), que reconhece as limitações que a idade impõe, ao tempo em que não se entrega ao sedentarismo, à inatividade, pelo contrário. Sou uma pessoa, de certa forma, ativa, que sempre se preocupou com o físico, a condição física, etc. etc. E que não concordo com a tese de que “velhice é cabeça”, que basta conceber que se é jovem, para simplesmente sê-lo. Eu venho com a antítese: acordo, e levanto-me supondo ter meus trinta, quarenta anos, quando, então, deparo-me à minha própria figura ao espelho, a reavaliação etária multiplica por muito a idade. É quase uma decepção.

Bem depois desta premissa, volto à criança. A infantil criatura vai entrar para o livro dos recordes, ou como se diria na língua de Shakespeare, para o guiness book, pelo fato de, na sua idade, saltar de paraquedas. Sim, foi montado todo aparato, câmeras de TV, repórteres, apresentadores para presenciar e gravar, para a eternidade, todo o ato, desde a preparação em terra, vestes apropriados, instruções técnicas, procedimentos adequados no quando e durante a queda e aterrissagem, embarque no avião e, finalmente, o salto. E, até, uma representante da Confederação Brasileira de Paraquedismo foi acionada, para atestar oficialmente a proeza.

Sim, a criança é brasileira, “mais uma vez o mundo se curva diante do Brasil”, alguém já disse. O salto se deu, ao que me parece, ontem, dia 19/08, próximo às cataratas do Iguaçu, no Paraná, infelizmente fugiu-me o nome da bendita. Ela é contemporânea das duas guerras mundiais, vibrou com as cinco conquistas da seleção brasileira de futebol, assistiu à chegada do primeiro homem à lua, tem filhos, netos e bisnetos, nasceu em 1909 é, portanto, da primeira década do século passado. É natural do Amapá e quando nasceu não existia, ainda, o exTerritório Federal do Amapá (criado em 1943). Tem somente cento e quatro anos.
Realmente, virar as 104 páginas do livro da vida, com a disposição e fulgurante alegria daquela criança, faz-me repensar e dizer, vamos viver! Leiamos tantas e tantas páginas da vida!