Ao assistir hoje, 23/05, o jornal
“bom dia brasil” da tv lobo e ouvir análise de míriam porcão, BINGOU! Agora acharam
em que bater: ”o endividamento das famílias brasileiras”. Mas olhem só, a
emissora de tv preocupada com o endividamento da pobre família brasileira.
Muito bem, ao acessar o Blog de
Luis Nassif, encontro esta pérola de texto, extraído da COLUNA ECONÔMICA, que
diz tudo o que eu gostaria de dizer e de uma forma cristalina. Vai direto na
ferida. Vejamos o texto:
Coluna
Econômica - 23/05/2012
Há
anos, por seu alcance, o sistema Globo tornou-se a principal influência na
opinião pública, inclusive em questões econômicas. TV Globo, Globonews, CBN,
jornal O Globo, portal G1, constituem-se na mais formidável caixa de irradiação
de opiniões no país.
Por
isso mesmo, é um bom laboratório para se analisar como se formam consensos,
especialmente em temas ligados ao mercado e à economia.
Em
geral, o discurso assenta-se em bordões de fácil assimilação que, pela
repetição, vulgarizam-se, podendo ser repetidos desde executivos com pouca
formação econômica até papos de boteco. Paradoxalmente, essa banalização de
conceitos responde pela extrema superficialidade da análise e, ao mesmo tempo,
por sua enorme eficácia.
Até
agosto do ano passado, esse discurso mercadista era facilitado pelo sofisma da
prioridade única. Todas as análises tinham como mote a inflação. Justificava-se
qualquer nível de taxa de juros porque era anti-inflação. Criticava-se qualquer
redução da Selic, por mínima que fosse, por acirrar a inflação.
Não
havia a menor necessidade de pensar. Baixou a taxa, imediatamente rebimbava o
coro anti-inflação. Aumentou em percentuais ínfimos gastos sociais, acordava o
coro contra a gastança.
Quando,
em fins de agosto passado, o Banco Central reduziu a Selic e a inflação
continuou caindo, o discurso desmoronou. Seria preciso refazer o discurso,
recriar bordões. E aí o sistema deu tilt.
Por
exemplo, a boa análise econômica sabe que não é possível desenvolvimento
sustentável sem dois eixos bem azeitados: consumo e investimento.
Primeiro,
trata-se de montar o mercado - o interno, através da ampliação da base de
consumo, e o externo, através de instrumentos de apoio à exportação.
Dado o
mercado, garantir o investimento, através de ferramentas fiscais, financeiras e
cambiais.
Cria-se
o mercado interno. Estimula-se o investimento na produção. Amplia-se a
capacidade produtiva do país, geram-se empregos mais qualificados e, por
conseguinte, mais consumidores, completando o ciclo virtuoso do crescimento.
Sem o
investimento, esse crescimento será apropriado pelo produto importado até o
limite do estrangulamento externo. Não se completaria o ciclo. Mas não se
investe sem dispor de um mercado de consumo em expansão.
No
entanto, anos de defesa de juros altos criaram um pensamento anti-crescimento
irracional – que é repetido de cabo a cabo por todo aparato midiático das
Organizações Globo.
Ontem,
as medidas de redução do custo do financiamento foram taxadas de temerárias por
induzir o consumidor ao “endividamento irresponsável”.
Ora, o
discurso econômico das Organizações é fundamentalmente neoliberal.
É
princípio elementar do liberalismo o pleno direito de opção ao consumidor, ao
investidor, à empresa. Ao Estado compete apenas criar condições adequadas, sem
pretender tutelar os agentes econômicos.
Na
hora de criar o bordão, esquece-se o livre arbítrio do consumidor, as
ferramentas de análise de crédito dos bancos, o monitoramento da inadimplência
pelo Banco Central, o fato do financiamento de automóvel ser garantido pelo
próprio veículo, aspectos técnicos e conceituais.
Em Wall Street – onde esse
pessoal se espelha -, seria motivo de chacota.