segunda-feira, 26 de maio de 2014

O “Fenômeno” de Cara de Pau

Vejam a que ponto chega a dignidade de um homem! O “nosso”, [como aquele famoso animador global (não é do globo, do mundo, não!) de causas perdidas, de causas tristes chamaria o ex-jogador], Ronaldo. A celebridade demonstra saber muito bem usar o que aprendera como jogador, na arte (?) de ganhar money: não havia camisa “certa” para vestir, mudava de time, tão somente, levado pelas negociações vultosas, como ocorrera por toda sua trajetória e, agora, na política, não poderia ser diferente. Pode ter ouvido o “canto da sereia” e lá vai ele, beijando o “escudo” do novo time e depreciando o antigo. É a vida de “boleiro” (que me desculpem os dignos jogadores de futebol). Não pode ser diferente. Crítico de cinema aponta quando Ronaldo mudou de opinião sobre a Copa seg, 26/05/2014 - 11:30 - Atualizado em 26/05/2014 - 11:30 Jornal GGN – Há poucos dias, o ex-jogador Ronaldo deu uma declaração à agência de notícias Reuters de que estava se sentindo “envergonhado” com a organização e preparação do Brasil para a Copa do Mundo no país. De acordo com o ex-jogador e membro do Comitê Organizador Local (COL), as dificuldades aconteceram por causa da burocracia do país e por culpa do Governo Federal, que teria descumprido os prazos estabelecidos pela Fifa. As falas do fenômeno foram amplamente repercutidas por todos os jornais do país e imediatamente passaram a ser usadas pelos críticos do Governo Federal e por partidários da oposição. Mas o crítico de cinema Pablo Villaça, que atua no site Cinema em Cena, mostrou em seu blog o que ele chamou de “cronologia de um demagogo”. Villaça resgatou as principais declarações de Ronaldo sobre a realização do evento e o momento exato em que o fenômeno parece mudar de opinião. No dia 10 de outubro de 2012, por exemplo, quase um ano depois de estar no quadro de membros do COL, Ronaldo garantiu que o Brasil estaria pronto para receber a Copa de 2014. Já em novembro de 2013, meses após as jornadas de junho, o ex-jogador classificou os protestos como “inventados” e enalteceu o progresso dos preparativos, chegando a “minimizar” as desconfianças em dezembro daquele ano. Em janeiro desse ano, Ronaldo disse que a Copa estava trazendo “grandes benefícios ao país” e, em março se disse “animado” para o evento esportivo. No dia primeiro de maio, o ex-jogador publicou uma fotografia ao lado do senador Aécio Neves (PSDB), candidato à Presidência, e apenas no último dia 23 – quase três anos após aceitar o convite para ser membro do COL – Ronaldo declarou que se sentia envergonhado com os preparativos. Veja o post completo de Pablo Villaça: Cronologia de um demagogo 01/12/2011: Ronaldo aceita cargo no Comitê Organizador Local da Copa. 20/10/2011: Ronaldo celebra Copa 2014 no Itaquerão. 20/03/2012: Ronaldo: “A Copa do Mundo da FIFA é de todo o Brasil”. 10/10/2012: Ronaldo garante Brasil pronto pra receber a Copa 2014. 30/01/2013: Ronaldo pede para imprensa abraçar a Copa do Mundo. 05/11/2013: Ronaldo defende Copa de “protestos inventados” e enaltece progresso. 19/12/2013: Ronaldo minimiza desconfianças e vê Brasil acreditar no projeto da Copa 2014. 07/01/2014: Ronaldo diz que Copa está trazendo muitos benefícios ao país. 21/02/2014: “Copa é um grande negócio para o país”, afirma Ronaldo. 30/03/2014: Ronaldo está animado para a Copa de 2014. 01/05/2014: Ronaldo posta foto de apoio à candidatura de Aécio Neves. 23/05/2014: Ronaldo se diz envergonhado com preparação da Copa. A propósito: de acordo com a Ernst & Young e a Fundação Getúlio Vargas, entre 2010 e 2014, o Brasil deverá arrecadar 16 bilhões com impostos deixados pela FIFA no Brasil (entre valores dos ingressos e eventos relacionados) – um valor consideravelmente superior ao que o governo federal gastou na reforma dos estádios. Ou seja, a Copa dará lucro ao país. Que coisa. Update: Estão tentando vender a ideia mentirosa de que o governo federal isentou a FIFA de impostos sobre os ingressos. Errado. A FIFA ganhou isenção ao IMPORTAR itens para a infra-estrutura dos jogos, como uniformes e ônibus. Mas não foi só ela. As televisões brasileiras também ganharam isenção para importar equipamentos necessários para televisionar o evento. Não caiam nas falácias dos reacionários; eles ganham espalhando inverdades

sexta-feira, 16 de maio de 2014

UM CONTRAPONTO, IMPORTANTE, À GRANDE IMPRENSA

Tomemos conhecimento das verdades ditas por Lula, no discurso abaixo transcrito, e que são descaradamente distorcidas pela grande imprensa. DISCURSO DE LULA NO 2º CONGRESSO DOS DIÁRIOS DO INTERIOR É sempre um prazer dialogar com os jornalistas e empresários da imprensa regional brasileira. Por isso agradeço o convite da Associação dos Diários do Interior do Brasil para participar desse Congresso. Vocês acompanharam as transformações que ocorreram no Brasil nesses 11 anos e que beneficiaram o conjunto do país, não apenas os privilegiados de sempre ou as grandes capitais. Sabem exatamente como essa mudança chegou às cidades médias e aos mais distantes municípios. O Brasil antigo, até 2002, era um país governado para apenas um terço dos brasileiros, que viviam principalmente nas capitais. A grande maioria da população estava condenada a ficar com as migalhas; excluída do processo econômico e dos serviços públicos, sofrendo com o desemprego, a pobreza e a fome. Os que governavam antes de nós diziam que era preciso esperar o país crescer, para só depois distribuir a riqueza. Mas nem o país crescia o necessário nem se distribuía a riqueza. Nós invertemos essa lógica perversa, adotando um modelo de desenvolvimento com inclusão social. Criamos o Fome Zero e o Bolsa Família, que hoje é um exemplo de combate à pobreza em muito países. Adotamos uma política de valorização permanente do salário e de expansão do crédito, que despertaram a força do mercado interno, e ao mesmo tempo garantimos a estabilidade, controlando a inflação e reduzindo a dívida pública. O resultado vocês conhecem: 36 milhões de pessoas saíram da extrema pobreza, 42 milhões alcançaram a classe média e mais de 20 milhões de empregos foram criados. O Brasil não é mais um país acanhado e vulnerável. Não é mais o país que seguia como um cordeirinho a política externa ditada de fora. Não é só o país do futebol e do carnaval, embora tenhamos orgulho da alegria e do talento do nosso povo. O Brasil tornou-se um competidor global – e isso incomoda muita gente, contraria interesses poderosos. A imprensa cumpre o importante papel de traduzir essa nova realidade para a população. E isso não se faz sem uma imprensa regional fortalecida, voltada para aquela grande parcela do país que não aparece nas redes de TV. Todo governo democrático tem a obrigação de prestar contas de seus atos à sociedade. E tem obrigação de divulgar os serviços públicos à disposição da população. A publicidade oficial é o instrumento dessa divulgação, que se faz em parceria com os veículos de imprensa – desde a maior rede nacional até os jornais do interior profundo do país. Uma das mudanças mais importantes que fizemos nestes 11 anos foi democratizar o critério de programação da publicidade oficial. Quero recordar que esta medida encontrou muito mais resistências do que poderíamos imaginar, embora ela tenha sido muito importante para aumentar a eficiência da comunicação de governo. Essa medida foi também uma questão de justiça, para reconhecer a importância do interior no desenvolvimento do Brasil. Quando o companheiro Luiz Gushiken, que era o ministro da Secom em meu primeiro mandato, começou a democratizar a publicidade oficial, muita gente foi contra. As agências de publicidade, os programadores de mídia e os representantes dos grandes veículos achavam que era uma mudança desnecessária. Reclamaram quando o Luiz Dulci incluiu a imprensa regional na programação de publicidade do governo federal. E reclamaram ainda mais quando o Franklin Martins aprofundou a política de democratização da publicidade, abrangendo as empresas estatais. Diziam que para falar com o Brasil bastava anunciar nos jornais de circulação nacional e nas redes de rádio e TV. Hoje é fácil ver como estavam errados, pois a imprensa regional está cada vez mais forte. São 380 diários que circulam 4 milhões de exemplares por dia, de acordo com os dados da ADI-Brasil. Isso ocorre porque temos políticas que levam progresso e inclusão social ao interior do país. De cada 3 empregos criados no ano passado, 2 se encontram em cidades do interior e apenas 1 nas regiões metropolitanas. Nunca antes o governo federal investiu tanto no desenvolvimento regional, para combater desequilíbrios injustos e injustificáveis. Nunca antes a relação entre o governo federal, os Estados e as prefeituras foi tão republicana quanto nestes 11 anos. E são jornais do interior – e não os veículos nacionais – que traduzem essa realidade. Quando chegamos ao governo, a publicidade oficial era veiculada em anunciava em 249 rádios e jornais. Em 2009, o governo federal já estava anunciando em 4.692 rádios e jornais de todo o país. Meus amigos, minhas amigas Pediram-me para contar aqui uma experiência com a imprensa regional no período em que fui presidente da República. Vou contar o que aprendi comparando a cobertura da imprensa regional com a que fazem os grandes jornais. Quando o Luz Pra Todos chega numa localidade rural ou numa periferia pobre, está melhorando a vida daquelas pessoas e gerando empregos. Isso é uma notícia importante para os jornais da região. Os grandes jornais nunca deram valor ao Luz Pra Todos, mas quando o programa superou todas as expectativas e alcançou 15 milhões de brasileiros, um desse jornais deu na primeira página: “1 milhão de brasileiros ainda vivem sem luz”. Está publicado, não é invenção. Onde é que estava esse grande jornal quando 16 milhões de brasileiros não tinham luz? Quando chega o momento de plantar a próxima safra, são os jornais regionais que informam sobre as datas, os prazos, os juros e as condições de financiamento nas agências bancárias locais. Mas na hora de informar à sociedade que em 11 anos o crédito agrícola passou de R$ 30 bilhões para R$ 157 bilhões, o que a gente lê num grande jornal é que a inflação pode aumentar porque o governo está expandindo o crédito. Quando uma agência bancária da sua cidade recebe uma linha do BNDES pra financiar a compra de tratores e veículos pelo Mais Alimentos, vocês sabem que isso aumenta a produtividade e aquece o comércio local. É uma boa notícia. Mas quando o programa bate o recorde de 60 mil tratores e 50 mil veículos financiados, a notícia em alguns jornais é que o governo “está pressionando a dívida interna bruta”. Quando nasce um novo bairro na cidade, construído pelo Minha Casa Minha Vida, essa é uma notícia local muito importante. Mas um programa que contratou 3 milhões de unidades, e já entregou mais da metade, só aparece na TV e nos grandes jornais se eles encontram uma casa com goteira ou um caso qualquer de desvio. Quando o governo federal inaugura um hospital regional, isso é manchete nos jornais de todas as cidades daquela região. O mesmo acontece quando chega o SAMU ou um posto do Brasil Sorridente. Mas lendo os grandes jornais é difícil ficar sabendo das quase 300 UPAs, 3 mil ambulâncias do SAMU e mais de mil consultórios odontológicos que foram abertos por todo o país nestes 11 anos. A maior cobertura de políticas públicas que os grandes jornais fizeram, nesse período, foi para apoiar o fim da CPMF, que tirou R$ 50 bilhões anuais do orçamento da Saúde. Quando sua cidade recebe profissionais do Mais Médicos, vocês sabem o que isso representa para os que estavam desatendidos. Vão entrevistar os médicos, apresentá-los à população. Mas quando 15 mil profissionais vão atender 50 milhões de pessoas no interior do país, a imprensa nacional só fala daquela senhora que abandonou o programa por razões políticas, ou daquele médico que foi falsamente acusado de errar numa receita. Quando um novo câmpus universitário é aberto numa cidade, os jornais da região dão matérias sobre os novos cursos, as vagas abertas, debatem o currículo, acompanham o vestibular. Lendo os grandes jornais é difícil ficar sabendo que nestes 11 anos foram criadas18 novas universidades e abertos 146 novos campi pelo interior do país. É nos jornais do interior que se percebe a mudança na vida de milhões de jovens, porque eles não precisam mais sair de casa, deixar para trás a família e os valores, para cursar a universidade. O número de universitários no Brasil dobrou para 7 milhões, graças ao Prouni, ao Reuni e ao FIES. Os grandes jornais não costumam falar disso, mas são capazes de fazer um escândalo quando uma prova do ENEM é roubada de dentro da gráfica – que por sinal era de um dos maiores jornais do país. Quando uma escola técnica é aberta numa cidade do interior, essa é uma notícia muito importante para os jovens e para os seus pais, e vai sair com destaque em todos os jornais da região. Quando eu informo que nesses 11 anos já abrimos 365 escolas técnicas, duas vezes e meia o que foi feito em século neste país, os grandes jornais dizem apenas que o Lula “exaltou o governo do PT e voltou a atacar a oposição”. Quando chega na sua cidade um ônibus, um barco ou um lote de bicicletas para transportar os estudantes da zona rural, essa é uma boa notícia. O programa Caminho da Escola já entregou 17 mil ônibus, 200 mil bicicletas e 700 embarcações, para transportar 2 milhões de alunos em todo o país. Mas só aparece na TV se faltar combustível ou se o motorista do ônibus não tiver habilitação. Eu costumo dizer que os grandes jornais me tratam muito bem. Mas eu gostaria mesmo é que mostrassem as mudanças que ocorrem todos os dias em todos os cantos do Brasil. Meus amigos, minhas amigas, Quanto mais distante estiver da realidade, mais vai errar um veículo de comunicação. Basta ver o que anda publicando sobre o Brasil a imprensa econômica e financeira do Reino Unido. O país deles tem uma dívida de mais de 90% do PIB, com índice recorde de desemprego, mas eles escrevem que o Brasil, com uma dívida líquida de 33%, é uma economia frágil. Não conheço economia frágil com reservas de US$ 377 bilhões, inflação controlada, investimento crescente e vivendo no pleno emprego. Escrevem que os investidores não confiam no Brasil, mas omitem que somos um dos cinco maiores destinos globais de investimento externo direto, à frente de qualquer país europeu. Dizem que perdemos o rumo e devemos seguir o exemplo de países obedientes à cartilha deles. Mas esquecem que desde 2008, enquanto o mundo destruiu 62 milhões de postos de trabalho, o Brasil criou mais de 10 milhões de novos empregos. O que eu lamento é que alguns jornalistas brasileiros fiquem repetindo notícias erradas que vêm de fora, como bonecos de ventríloquo. Isso é ruim para a imprensa, porque o público sabe distinguir o que é realidade do que não é. Alguns jornalistas dos grandes veículos passaram o ano de 2013 dizendo que a inflação ia estourar, mas ela caiu. Passaram o ano dizendo que a inadimplência ia explodir, mas ela também caiu. Diziam que o desemprego ia crescer, e nós terminamos o ano com a menor taxa da história. Chegaram a dizer que o Brasil entraria em recessão, mas a economia cresceu 2,3%, numa conjuntura internacional muito difícil. Eu gostaria que esses jornalistas viajassem pelo interior do país, conhecessem melhor a nossa realidade, estudassem um pouco mais de economia, antes de repetir previsões pessimistas que não se confirmam. E vou continuar defendendo a liberdade de imprensa e o direito de opinião, porque sei que, mesmo quando erra, a imprensa livre é protagonista essencial de uma sociedade democrática. Meus amigos, minhas amigas, A democracia é o único sistema que permite transformar um país para melhor. E ela não existe sem que as pessoas participem diretamente da vida política. Por isso digo sempre aos jovens: se querem mudar a política, façam política. E façam de um jeito melhor, diferente. Negar a política é o caminho mais curto para abolir a democracia. Aprimorar a democracia significa também garantir ao cidadão o direito à informação correta e ao conhecimento da diversidade de ideias, numa sociedade plural. Esse tema passa pela construção do marco regulatório da comunicação eletrônica, conforme previsto na Constituição de 1988. O Código Brasileiro de Telecomunicações é de 1962, quando no país inteiro havia apenas 2 milhões de aparelhos de TV. Como diz o Franklin Martins, havia mais televizinhos do que televisores. É de um tempo em que não havia rádio FM, não havia computadores, não havia internet. De um tempo em que era preciso marcar hora para fazer interurbano. No Brasil de hoje é preciso garantir a complementariedade de emissoras privadas, públicas e estatais. Promover a competição e evitar a contaminação do espectro por interesses políticos. Estimular a produção independente e respeitar a diversidade regional do país. Uma regulação democrática vai incentivar os meios de comunicação de caráter comunitário e social, fortalecer a imprensa regional, ampliar o acesso à internet de banda larga. Por isso foi tão importante aprovar o Marco Civil da Internet. Este é o desafio que se apresenta aos meios de comunicação, seus dirigentes e seus profissionais, nesse novo Brasil: o desafio de ser relevante num país com uma população cada vez mais educada, com um nível de renda que favorece a independência de opinião e com acesso cada vez mais amplo a outras fontes de informação. Quero cumprimentar a ADI-Brasil, mais uma vez, pela realização desse Congresso, e dar os parabéns aos seus associados, que levam notícias para a população do interior desse imenso país. Muito obrigado

sexta-feira, 9 de maio de 2014

José Dirceu, preso político

José Dirceu, comprovadamente não “pegou” nenhum “dinheiro”, quer público ou privado, conforme peças constantes do processo midiaticamente desenrolado naquele que se chama de Supremo. Foi condenado tão somente por sua importância política, por sua importância nesta tomada de posição e atitudes que “balançam” a casa grande. Foi condenado pelo domínio do fato. Coloco desta forma o termo, dado a sua indevida utilização, e desimportância (no caso presente) porque criticada por um dos criadores da teoria (um alemão que não sei o nome). José Dirceu não comprou reeleição (há deputado que já declarou ter recebido dinheiro para tal fim). Não recebeu dinheiro de Marcos Valério, como admitido pelo atual candidato a governador de Minas Gerais (Pimenta da Veiga é o nome dele e cerca de 300.000 reais foi o valor recebido, sem justificativa comprovável). José Dirceu não é procurado pela Interpol, por conta de dívidas com a justiça estrangeira. José Dirceu não sofreu impeachment por estar envolvido com corrupção e agora inocentado pelo próprio STF. José Dirceu não recebeu dinheiro ilícito de campanha, como recebera o ex-parlamentar por MG (Azeredo de algumas tantas) e seu processo (o chamado mensalão mineiro ou mensalão do PSDB) está a dormitar em aconchegante gaveta na justiça das Minas Gerais, pois fora recusado pelo mesmo Supremo e despachado para instâncias inferiores. Enfim, “José Dirceu está preso por ter cometido dois crimes: o de ter sido Chefe da Casa Civil do Governo Lula e o de ter dito que seu partido tinha um projeto de poder.”. Conforme inicia Antonio Lassance, cientista político, da revista Carta Maior e extraído do blog de Luis Nassif. Os "crimes" cometidos por Dirceu ter, 06/05/2014 - 08:22 - Atualizado em 06/05/2014 - 08:31 Sugerido por Maria de Carvalho Da Carta Maior José Dirceu foi feito refém Antonio Lassance José Dirceu está preso por ter cometido dois crimes: o de ter sido Chefe da Casa Civil do Governo Lula e o de ter dito que seu partido tinha um projeto de poder. Essa não é uma desculpa de quem defende Dirceu. Esses foram os argumentos lavrados na peça de acusação contra o ex-ministro, levada ao STF e que resultou em sua condenação. É isso o que está atribuído como “crimes” cometidos por Dirceu. Ser integrante de um partido, ser membro de um governo, disputar um projeto de poder, nada disso jamais foi crime para ninguém. Mas foi para José Dirceu. Muita gente não sabe, mas Dirceu nunca foi sequer acusado de ter recebido ou distribuído dinheiro do mensalão. Não foi acusado de desvio de um único centavo de dinheiro público, nem de lavagem de dinheiro. Ele não chefiou quadrilha, conforme o próprio STF concluiu. Qualquer pessoa, como manda a lei, sob essas circunstâncias, estaria livre, mas não José Dirceu. Ele é um cabra marcado para ficar na prisão. Condenado ao regime semiaberto, continua em regime fechado, sem direito a trabalhar. Não por ser um criminoso, não por ser perigoso, mas por ser um troféu, como disse o doutor em Direito pela UFMG, Luiz Moreira, membro do Conselho Nacional do Ministério Público (em entrevista ao jornalista Paulo Moreira Leite, da revista IstoÉ). Ele não está preso por algo que tenha feito, e sim pelo que representa. Não é preciso gostar ou concordar com o que pensa José Dirceu para reconhecer que ele é um homem digno submetido a uma condição indigna, injusta, arbitrária. Toda e qualquer pessoa que tenha um pingo de senso de justiça e de espírito crítico deveria se indignar com a situação de quem tenha sido condenado sem provas. No mínimo, mais pessoas deveriam considerar estranho que alguém sentenciado ao regime semiaberto seja mantido em regime fechado graças a boatos e suspeitas de adversários. Ditaduras prendem pessoas por boatos, por acusações falsas, por suspeitas de desafetos. Democracias jamais deveriam admitir tal coisa. Não é preciso ser filiado a qualquer partido ou ser de esquerda para defender que qualquer pessoa, seja ela quem for, tenha respeitado o seu direito de ser tratado com um mínimo de dignidade e tenha sua sentença cumprida à risca. É o que se chama de Estado democrático de direito. O art. 1º de nossa constituição não pode ser feito refém pelos caprichos do presidente do Supremo Tribunal Federal. José Dirceu não pode ser mantido refém de Joaquim Barbosa. É preciso reagir, revertendo o efeito manada do bombardeio midiático que trata Dirceu como chefe de uma raça que precisa ser extirpada. A frase lastimável de Jorge Bornhausen é hoje a pauta clara da mídia cartelizada. Deveríamos viver em um mundo em que não se deseja o mal a uma pessoa simplesmente por não se concordar com ela. Deveria ser assim, não fosse o ódio, o autoritarismo, o golpismo. O grau de injustiça da condição a que José Dirceu está submetido é notório se compararmos ao que os tribunais brasileiros fizeram (na verdade, ao que não fizeram) recentemente, em outras situações. Por exemplo, ao contrário de Dirceu, Pimenta da Veiga, ex-ministro das comunicações de FHC, recebeu dinheiro das empresas de Marcos Valério, o mesmo operador do mensalão do PSDB. Dirceu está preso. Pimenta da Veiga é candidato “ficha limpa” ao governo de Minas Gerais pelo PSDB. Ao contrário de Dirceu, Eduardo Azeredo foi acusado de apropriação de dinheiro público (peculato) e lavagem de dinheiro. Dirceu está preso. Azeredo renunciou ao mandato de deputado pelo PSDB para não responder ao STF - e conseguiu. Boa parte dos crimes de que era acusado já prescreveu. Ao contrário de Dirceu, José Roberto Arruda, ex-governador do DF pelo DEM, ex-líder do governo FHC no Senado, foi flagrado em vídeo pegando e guardando dinheiro vivo, algo estimado em R$ 50 mil, jamais devolvidos aos cofres públicos. José Dirceu está preso. Arruda está livre e é candidato ainda "ficha limpa" às próximas eleições. Ao contrário de Dirceu, o ex-presidente Collor de Mello foi pego com um carro comprado com dinheiro desviado, entre tantas outras coisas. Dirceu está preso. Collor foi "inocentado" pelo STF, recentemente, de todos os crimes de que era acusado, em grande medida, por prescrição dos prazos. Ao contrário de Dirceu, o ex-prefeito e ex-governador de São Paulo, Paulo Maluf, está na lista de procurados pela Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) e tem uma ordem de prisão expedida. É procurado por fraude e por roubo:http://www.interpol.int/notice/search/wanted/2009-13608. José Dirceu está preso. Paulo Maluf é deputado federal e trabalha de frente para Joaquim Barbosa na Praça dos Três Poderes, no gabinete 512 do anexo IV da Câmara dos Deputados. Dirceu está preso por uma razão muito simples: ele não é Pimenta da Veiga, não é Azeredo, não é Arruda, não é Collor, não é Maluf. Ele é José Dirceu de Oliveira e Silva e está preso em regime fechado por ser um troféu. Dirceu está e continuará preso, muito provavelmente, até as próximas eleições. Para muitos, é isso o que importa. Ele é uma peça para o marketing eleitoral oposicionista. Condenado ao regime semiaberto, continua preso em regime fechado. Aí está um excelente pretexto para que o chamado mensalão continue a ser notícia todos os dias, pelo menos até 5 de outubro. Uma trama diária, urdida por parlamentares da oposição em conluio com gente de dentro do sistema penitenciário da Papuda, inventa "notícias" de que esse preso está tendo algum tipo de privilégio. Certamente, o privilégio de estar preso. O privilégio de receber manifestações de solidariedade. O privilégio de reivindicar estudar e trabalhar. É preciso decência e coragem para defender José Dirceu. Quem o faz é imediatamente acusado de ser conivente inclusive com crimes dos quais nem Dirceu foi acusado na Ação Penal 470. É mais fácil xingá-lo de todos os nomes. É mais fácil cuspir em seu passado. É mais fácil desmoralizar o que ele representa. É mais fácil divertir-se com ele atrás das grades. Mais fácil, mais cômodo e mais desonesto. É fácil perceber que o ranger de dentes contra a pessoa de José Dirceu, na verdade, é o mesmo feito contra Lula e Dilma. Dirceu sofre o castigo pelo incômodo contra aqueles que comandam a coalizão que governa o país há quase 12 anos. Para esses, Lula e Dilma também deveriam estar presos, pois essa é a forma mais prática, talvez a única, de impedi-los de disputar e ganhar eleições. "Se já não podes vencê-los, prenda-os". O crime comum, do qual Dirceu, Lula e Dilma foram mentores intelectuais, foi o crime de terem tirado milhões de brasileiros da miséria; de terem reduzido a desigualdade mais rapidamente do que se fez em qualquer outro país; de terem alcançado o desemprego mais baixo da história; de terem garantido a autonomia dos órgãos de investigação e controle no combate à corrupção; de terem criado mais universidades, em 11 anos, do que se fez ao longo de todo o período republicano anterior. São réus confessos de todos esses e muitos outros crimes. Enquanto a AP 470 continuar sendo uma exceção, confirmada pelo destino dado a políticos que são réus em outros processos, estamos diante não só de um julgamento de exceção, mas de um golpe. A condução da execução penal de José Dirceu é um arbítrio da pior espécie, comemorado, como não poderia deixar de ser, pelos que têm uma tradição de comemorar golpes maiores e menores contra a democracia. O mensalão foi um golpe do mesmo tipo que aquele de editar um debate, à vésperas de uma eleição, em favor de um dos candidatos. Foi um golpe similar àquele de vestir camisas do PT nos estrangeiros que sequestraram o empresário Abílio Diniz, para que a imagem dos sequestradores, fotografada e televisionada, fosse associada à sigla. A oposição de direita pratica golpes como quem toma seu café da manhã - como se fosse a coisa mais natural do mundo, como golpistas contumazes que são. Cercados de corruptos, posam de éticos. Atolados na lama, falam em limpar o país. Golpistas profissionais são assim. Se não se pode banir um partido político, em plena democracia, a ideia é tentar reduzi-lo a pó para ser cheirado por uma oposição em busca de euforia. Uma direita sem projeto, sem nenhuma vocação de militância e de luta social, sem a cara e sem a fala do povo brasileiro mais humilde sente um prazer monstruoso por condenar quem os tem. Tais atributos, hoje e sempre, sentenciaram o destino dos que cometem os crimes de tentar mudar o país e de fazer o povo entrar nos palácios pela porta da frente. É por isso que José Dirceu está e continuará preso, ainda um bom tempo, sem o direito de trabalhar. É por isso que devemos nos indignar e exigir que, ao menos, a sentença dada pelo STF seja fielmente cumprida. (*) Antonio Lassance é cientista político

quarta-feira, 7 de maio de 2014

O CULPADO PELAS MAZELAS CENTENÁRIAS

Os dois primeiros parágrafos do artigo abaixo transcrito (do Blog de Luis Nassif) retratam o que a grande imprensa impõe como fatos que desaprovam o governo legitimamente eleito e por isso fazem aberta campanha pela volta dos malfadados tucanos. Como “luta de classe” quer dizer que o governo GASTA DEMAIS com os pobres (projetos sociais). Como o “seu” Jabor escreveu no jornal a voz do golpe militar, referido no segundo parágrafo, (e jornais nacionais, jornais bons dias, boas tardes...) prega que todas as mazelas veiculadas são da culpa exclusiva do PT.
Os dois últimos parágrafos, no entanto, reproduzem fielmente os fatos: há perdas de privilégios em favor do crescimento da renda dos mais necessitados, (o salário mínimo está alto, disse o Sr. Arrocho Neves, candidato tucano). Privilégios estes secularmente mantidos e usufruídos pelos poderosos. Mas o povo não é burro!

qua, 07/05/2014 - 08:08 - Atualizado em 07/05/2014 - 08:12
Por Daniel Florêncio

Há certo tempo atrás uma brasileira estudante de jornalismo apareceu no site do Guardian com um artigo de opinião onde afirmava que o atual governo brasileiro havia instaurado uma "luta de classes" no país, opinião que parece ter sido assimilada entre os mais abastados.

Na mesma linha, hoje no "O Globo", Arnaldo Jabor põe na conta do atual Governo e do PT todas as monstruosidades que acontecem no país. Dos presos decapitados no Maranhão ao garoto assassinado pela madrasta no Rio Grande do Sul.

A lógica por trás de ambos os argumentos é de uma hipocrisia torpe, além de historicamente cega.

Quem afirma que o atual governo promove uma "luta de classes" só pode ter adormecido pelos últimos séculos. Ninguém nesse país promoveu mais uma batalha contra os trabalhadores, negros e pobres quanto as elites do país. Desde a política racista de incentivo a imigração européia no início do século XX, com o intuito de "embranquecer o país" após a abolição da escravatura, colocando milhares de negros a margem, até a manutenção por décadas de uma política de salário mínimo defasada que mantinha legitimada a pobreza do trabalhador, passando, claro, pela instituição de uma polícia que até hoje, mata, tortura e espanca o pobre indiscriminadamente, com
a função de mante-lo no seu lugar.

Quando Jabor afirma que as práticas medievais que menciona são frutos da "contemporaneidade pessimista" do país, ele esquece de mencionar que esse "pessimismo" é fruto única e exclusivamente dessa mesma elite mencionada anteriormente, e cujas idéias e aspirações são reflexo das manchetes e colunas de opinião do jornal aonde escreve e dos outros meios de comunicação, controlados por ela.

A realidade, no entanto, distante da redação do O Globo, ou dos bairros de classe média alta é que a vida melhorou.

Não há promoção de "luta de classes". Há promoção da cidadania. Pois quando o sujeito tem o que comer e o que vestir, ele não vai mais se dispor a lavar a cueca de playboy a troco de migalhas. E quando o filho desse mesmo sujeito estudar e for a faculdade, ele vai questionar o porque de ele não ocupar a mesma vaga de emprego ou frequentar os mesmos lugares que, antes, eram reservados a outros.

Não há promoção de "luta de classes". Há perda de privilégios. E quando a renda dos mais pobres tem um crescimento acima da média dos mais ricos, nada mais natural que ver o rico espernear.


Esperneiam pregando o caos e a balburdia, acusando os agentes responsáveis pelas mudanças de serem os culpados pelos horrores, reflexo de séculos de sua própria dominação social e econômica.