Eu hoje amanheci triste. Apossa-se de mim uma
tristeza comparável, acho, a uma falta definitiva de um parente ou de um grande
amigo, por ver triunfar brutal e desavergonhado golpe, perpetrado contra o Estado
de Direito e contra, acima de tudo, a Democracia, que significa governo do
povo, pelo povo e para o povo.
Desde o primeiro instante em que se consumou das
urnas a vitória de Dilma e até mesmo antes que lhe fosse dado posse para o novo
mandato que as oposições, orientadas, pelo seu “farol” – a hegemônica rede de
TV e a grande imprensa, em geral -, inconformadas com a derrota (que lhes
parecia impossível, tanto a ponto de se “tocar foguete antes do tempo”) vêm
contestando e, de todas as formas possíveis ou impossíveis, éticas ou
antiéticas, legais ou ilegais, sabotando o funcionamento do governo, potencializando
uma crise que já se assumia; levando, portanto, o país ao fundo do poço.
Não há que se absolver completamente de culpa o
governo – inclusive, porque, sob “o mantra” do republicanismo, permitiu o
desenvolvimento do processo; além de adoção equivocadas de medidas
político-econômicas; mas que tudo foi feito pelos conspiradores para o “quanto
pior melhor”, isso não fica dúvida alguma.
O governo e sua política havia resistido ao “mensalão”,
que condenara importantes membros do seu partido sob a justificativa do “domínio
do fato”, cujo coautor da teoria confessara sua inaplicabilidade naquele
processo. Ocasião em que uma ministra absurdamente teria afirmado que
condenaria baseada “na literatura”.
Assim com relação ao “mensalão”, prática usada
por todos os partidos com a máscara do “caixa 2”, mas que praticamente somente
visou o PT e alguns aliados, (tanto que o “mensalão do PSDB” ninguém ouve
falar), o “crime de responsabilidade” imputado à Presidenta, que poderia ser
considerado tão somente uma má gestão financeira, foi amplamente praticado
pelos antecessores da presidenta e é praticado por prefeitos, governadores, tal
como fora com o ex-governador de Minas Gerais, justo o RELATOR do processo no
Senado.
Em outro “front” os “bravos guerreiros” agiram e
ainda agem na república de Curitiba, cujo mandatário age com autonomia nunca
vista com um juiz de primeira instância e cuja seletividade, objetivando tão
somente ptistas ou aliados, é pública e notoriamente conhecida. Esse mesmo juiz
e seu “ajudante”, o grande DELATOR, Alberto Youssef, protagonizaram o processo,
que deu em nada, (arquivado) do escândalo do BANESTADO (Banco do Estado do
Paraná, que “lavava dinheiro” de políticos), há anos atrás (sem o PT no governo,
ressalte-se) e se fosse devidamente apurado poderia, (quem sabe, com o rigor
com que ele age contra o PT?), poderia ter trancafiado muitas das celebridades
que comandam hoje o golpe. Além da seletividade ainda usa dos vazamentos à
imprensa, (exclusivamente para a rede de TV que lhe homenageou com “caneco”),
das notícias que bem quer e que se destinam à massa ignara para lhe dar
sustentação em sua verdadeira obsessão que é a de exterminar o partido dos trabalhadores
e sua figura maior, que por pouco teria sido sequestrado para ser encarcerado,
mesmo sem provas, como costuma fazer com outros menos afortunados.
Depois do “mensalão” veio o “petrolão”. Curioso é
que uma das figuras mais importantes no que se refere à corrupção na Petrobrás
um tal de Paulo Roberto, diretor da empresa desde o governo de FHC, já declarou
que o “sistema” já existia desde aquela época, mas “não vem ao caso” como diria
o juiz. Tanto é que Paulo Francis, nos idos de ’90, correspondente
internacional, fizera a denúncia de corrupção naquela empresa. Sabe o
resultado? Morreu por colapso cardíaco, provavelmente, como dizem, decorrente
da pressão que sofrera por causa de suas denúncias, com ameaça de ter que pagar
vultosa indenização por danos morais, “sofridos”, (tadinho!) pelo então
presidente da Petrobrás que, naquela época, queriam transformar em PetrobrAX
(prá que BRás? Prá que do Brasil?).
A tudo isso vemos o Supremo Tribunal, aquele que
deveria ser o guardião do Direito, omitir-se, quando não, através de um dos
seus membros, demonstrar claramente seu posicionamento favorável ao extermínio
do PT. Enquanto consumiu mais de 100 dias para decidir pelo afastamento do
presidente da câmara de deputados (é em minúsculo mesmo!), que comprovadamente é
acusado de desvio e lavagem de erário público, assistiu à dita “autoridade” (argghhh!!!) comandar o processo
de impedimento da Presidente Dilma Roussef, com toda truculência, com toda
ironia. Segue o processo para o Senado, após aprovação naquele fatídico domingo
em que deputados nos “brindaram” com aquela vergonhosa cena.
No Senado, seu presidente, já indiciado por crime
pelo PGR cujo processo se encontra no
Supremo, sabe-se lá até quando e o que resultará?! E ele mesmo preside a casa.
Isso sem falar no significativo número de senadores que também respondem por
processos criminais (afinal, processo contra aécio neves chegou finalmente ao STF!) e outros que nem votos precisaram para estar onde estão.
Como permitir que bandidos ou acusados de
bandidagem possam destituir uma Presidente legitimamente eleita e sobre a honra
de quem não há mácula alguma?
Tudo isso é GOLPE!