Do blog
de Luis Nassif, retiro uma análise feita por NOVAS CARTAS PERSAS e enviada por Júlio Cesar Macedo Amorim, onde
desmascara com os próprios dados retirados do “bombardeio” o “Truque das barrinhas: mídia
manipula infográficos para mostrar quadro pior do que a realidade”. Vê-se
da comparação,
usando-se, para tal, os dados fornecidos pelo jornal estrangeiro que a
finalidade é juntar tudo (varios países com o Brasil) num só “balaio de gato”,
não importando a grande diferença entre os valores das reservas internacionais e
a necessidade de financiamento externo. Nos gráficos originais, os dados estão
restritos a uma escala que “mascara” a tranquiladade que nossas reservas
oferecem; além de nos furtar mais de 7 bilhões de dólares em seus devaneios. E atentem também
para a análise da inflação. Eles querem inflação! Eles precisam da inflação e
de seu terror para o aumento dos juros!
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Os
“nervosinhos” estão mais nervosos que nunca. Afinal o mundo não acabou. Só
resta, então, mostrar, ou melhor, desenhar (para que qualquer Homer entenda)
que o mundo vai acabar. Quem sabe aí o mundo não acabe numa espiral de caos?
Ontem, o UOL estampou na capa de sua página
principal uma matéria da Folha que mostrava a triste realidade de
brasileiros que passaram a realizar “compras de mês”, aquelas que se faziam nos
tempos de hiperinflação, quando os índices de preços chagavam a 14% (ou até 40%)
AO MÊS.
Para
provar que a hiperinflação já afeta os consumidores brasileiros, recolheu o
depoimento de duas, isso mesmo, DUAS aposentadas que fazem sua compra de
supermercado mensalmente. As pobres senhoras, vejam só, ainda têm que comprar
peixe ou frango quando a carne está cara, ou, ainda, vejam só, têm que trocar a
marca de óleo ou sal por outras mais baratas…
Como se
isso não fosse feito desde quando mercado existe; como se isso não fosse feito
também entre pessoas de menos renda nos países desenvolvidos.
Mas a
evidência cabal foi apresentada pelo fantástico e fofinho infográfico. Para
ilustrar a reportagem sobre as “compras de mês”, a reportagem compilou uma
lista de 26 itens, dos quais 18 subiram acima da média de inflação (segundo o
IPCA).
Só que
entre os itens da lista de compras da Folha estão produtos como “passagem aérea”,
“empregada doméstica” e “alimentação fora do domicílio”. Não sei em que
supermercado o jornal faz a sua compra do mês, mas na lista da Folha NENHUM
produto (ou grupo de produtos) pode ser encontrado nas gôndolas de
supermercados:
Agora, a
bola da vez é internacional. O jornal neoliberal britânico Financial
Times decidiu
abrir fogo contra os países emergentes. O Brasil é um de seus alvos favoritos.
Na notícia de ontem publicada pelo FT, o periódico
chegou à conclusão que não são apenas 5 os países emergentes “frágeis”
(carinhosamente apelidados pelo jornal de “Fragile Five”). Agora a lista de
emergentes frágeis, dos quais o investidor deve evitar a todo custo, é composta
por 8 países.
Para
demonstrar a “fragilidade” dos países, o FT enfatizou um (isso mesmo, apenas UM…)
indicador de vulnerabilidade mostrando a relação entre reservas internacionais
e necessidade de financiamento externo (veja a situação no Brasil em OITO
indicadores de vulnerabilidade no post Mitos Econômicos Brasileiros
#4: “2014 será o ano da ‘tempestade perfeita’ no Brasil”).
Pois
bem, para ilustrar a fragilidade financeira dos países, o jornal também lançou
mão de um bonito e fofinho infográfico, estampado em cores vivas no Twitter do
jornal, em que os 8 países são comparados. A imagem era fundamental para dar
sustância para a manchete bombástica (“‘Fragile Five’ falls short as tapering
leaves more exposed”) de uma matéria vazia.
O
problema começa com um dos dados: as reservas internacionais do Brasil fecharam
o 3º trimestre de 2013 em US$ 376 bilhões e não US$ 369 bilhões. Mas esse não
foi o maior problema do infográfico: as proporções das barras nos gráficos são
sempre de tamanho semelhante, o que dá a impressão de que os oito países estão
“no mesmo saco” – que é exatamente a tese do artigo.
No
gráfico, os US $369 bilhões (sic) de reservas do Brasil são iguais aos US$ 45
bilhões da Hungria ou os US$ 53 bilhões da África do Sul. Sem essa imagem forte
e fofinha, fica difícil de acreditar no malabarismo argumentativo do FT.
Mas olhando com cuidado, vemos que o gráfico diz uma coisa (estão todos no
mesmo saco); os números dizem outra (uns são laranjas, outros são maçãs)
Refazendo
o gráfico (infelizmente sou incapaz de fazer um tão bonito e fofinho quanto o
da equipe de ficção ilustradores do FT) de tal modo que
os números digam a mesma coisa que ilustram as barras, temos o seguinte quadro:
As
manipulações das reportagens da Folha e do FT se somam à famosa distorção do gráfico
de inflação no Brasil medida pelo IPCA, no programa Conta Corrente, da GloboNews,
publicado na sexta-feira (10). Apesar dos números corretos, a imagem (que vale
mais do que mil palavras) é clara: mostra que a inflação é a maior dos últimos
5 anos, pelo menos.
Aqui,
novamente, os números dizem uma coisa, a imagem, outra. Infelizmente não há
mais registro do erro no site do programa. Mas milhares de pessoas espalharam a
reprodução da imagem com o erro:
Depois
do rebuliço que gerou na internet, o Conta Corrente apresentou uma errata, já na edição
seguinte do programa (dia 13), e mostrou o gráfico com as proporções corretas.
OK. Erros acontecem. Um jornalismo ético deve reconhecê-los, mostrá-los ao
público e corrigi-los o mais rápido possível. Foi o que oConta Corrente fez.
Esse e
outros erros (manipulações?) podem até ter sido sinceros e involuntários. Mas
diante da linha editorial apocalíptica desses veículos, não deixa de ser
sintomático. Pode ser um caso grave de “nervosite” ou um “wishful thinking”,
não sei. Freud explica.
PS.: INFELIZMENTE NÃO PUDE ANEXAR OS GRÁFICOS, PELO QUE PEÇO DESCULPAS.