quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Agora: é ou TUDO Pelo SOCIAL, ou TUDO pelo MERCADO

Proponho-me a fazer uma análise da conjuntura política, após os resultados das recentes eleições, que me perdoem se eu não conseguir levá-la a contento.
Começo comentando, ainda, sobre as manifestações ocorridas, e incensadas e cantadas em prosas e versos (“vozes da rua”, etc.), há tempos atrás e que mereceram estudos, teses acadêmicas, etc., das quais, salvando-se raras exceções, não encontrei coincidência com o que eu consegui (ou não consegui?) entender de todo aquele, quase, caos instalado. Fiquei com certo pavor, relembrando o tenebroso, obscuro período ditatorial e só quem viveu sob seu domínio sabe o quanto foi maléfico para as pessoas e para o país.
Originado de um pacífico movimento por passe livre para estudantes em São Paulo (MPL), parece-me, cooptado e estimulado pelos “reaças”, (black blocks?) prontos historicamente pelo estabelecimento do estado de exceção, da implantação de regime antidemocrático, arrebanhou:
       (1)  Uma juventude (que não conheceu e nem tem noção do que foram os “anos de chumbo” e, muito menos, conheceram a situação porque passou o país antes do primeiro governo do PT [lembro-me de reportagem na TV sobre uma enorme fila no Rio de Janeiro para recrutamento de candidatos a GARI, onde havia engenheiro, até]) carente, é verdade, de melhoria na oferta de serviços públicos;
J      (2) Jovens e velhos militantes do ingênuo e utópico anarquismo (ideologia política, hein!);
c   (3) Ainda, os “esquerdistas” insatisfeitos com o Partido dos Trabalhadores autodegredados em pequenos e inexpressivos partidos;
d   (4) E uma parte considerável da população que somente lê a grande imprensa (capitaneada pela revista, lixo de consultórios médicos), com sua sistemática, massiva e diuturna campanha contra o PT, (a Presidente do, se não me engano, Sindicato Nacional dos Jornalistas declarou, sem arrodeios, que a verdadeira oposição ao PT era a imprensa), que cria factoides e repercute à exaustão; que somente divulga notícias que sejam negativas e omitem, descaradamente, ou distorcem notícias favoráveis ao governo. Essa mesma imprensa (alô, O Globo, o Estadão, a Folha...) que esteve sempre com o que há de mais entreguista, de retrógrado, contra reformas de base e que sustentou e foi sustentada pela ditadura;
b   (5) Bandos de pessoas que estavam e não sabiam por que, (as “Marias vão com as outras”), e continuam a vagar para “onde o nariz aponta”, tal como é dito pelo jargão futebolês para “aquele” zagueirão.
O fato é que assim como surgiu, desapareceu, sem antes deixar de ter sido peremptoriamente reprovado pelo MPL, o movimento precursor.
Faço o preâmbulo, para chegar aos resultados das eleições de outubro de 2014. A candidata Marina, aproveitando-se dos movimentos já referidos surgiu como a terceira via, representante da pureza, da “nova política (aliás, da não-política, seu partido não é partido é uma rede?!), ”, a messiânica e assim como um Tsunami, veio, fez o estrago e foi-se. Implodiu-se por suas próprias inconsistências e sua verdadeira insignificância política.
Estão, então, bem definidas as vias a serem escolhidas pelo eleitor para os destinos desta nação:
(1) a via do Partido dos Trabalhadores, com forte acento popular, com viés convicto de cunho social, (Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, Valorização do Salário Mínimo, BNDES, Prouni, Pronatec, investimentos de infraestrutura [saneamento, ferrovias, portos, hidrovias, hidrelétricas, transposição do São Francisco... São trilhões de reais já empenhados]...) com irrefutáveis bons resultados e que pode mais fazer por uma sociedade mais justa; não obstante a crise mundial, que vem sendo enfrentada sem corte de salários, com índice, jamais observado, de desemprego, crise essa que tem levado fortes economias mundiais a sentir abalos.
(2) e a via do outro partido que é de ideologia completamente oposta: neoliberal: pela liberdade para o mercado (independência do Banco Central), com “arrocho” nos investimentos sociais; pela flexibilização dos direitos trabalhistas; pelo controle, a todo custo da inflação, não importando se desempregando, se reduzindo salário, privatizando, terceirizando e tudo pelo RENTISMO (bolsa de valores, juros altos, ganhos de capital...).
Quatro fatos que fortemente se destacam e que desautorizam completamente a legitimidade dos mais que louvados movimentos: (1) a continuada bipolarização PT/PSDB; (2) o pífio desempenho de candidatos de partidos radicais mais à esquerda; (3) fortalecimento de um Congresso conservador e mais rico; (4) a reeleição, com uma esmagadora vitória, do governador de São Paulo, que é dominado pelo seu partido há mais de vinte anos, marcado por uma crise no abastecimento de água (ah! Se fosse governo do PT!!!) que, muito tem a ver, com imprevidência administrativa e menos com a falta de chuvas e o foco principal das “manifestações”.
Vejo também que infelizmente a mentira, materializada pela grande imprensa, sustentada por setores retrógrados da sociedade, absorvida e ingenuamente difundida por outro setor da sociedade, mais exatamente na classe média, ou quase média (cujos representantes conseguem ser piores, no que respeita à boçalidade, pois querem alcançar a alta classe e não conseguem; têm o fantasma do retorno à baixa classe), vem vencendo a verdade. Mas isto não haverá de se confirmar.