Há poucos dias atrás ouvindo o jornal da TV Bahia, pela
manhã, tomei conhecimento do fato de ter um médico cubano em Feira de Santana
receitado uma dose excessiva de um medicamento para uma criança. Pensei comigo,
está esse médico dando motivos para os inimigos do programa Mais Médicos do
governo federal. Pensei comigo desta forma acreditando na veracidade da
notícia. Foi feita a devida apuração. Constatado indubitavelmente que o médico
não errara na dosagem. Mas o resultado final da questão não teve divulgação por parte daquele órgão de imprensa. É assim que age a
grande imprensa. O destaque da notícia de um fato é grande, sua negação ou
justificativa é imperceptível, quando não simplesmente omitido.
Vejamos, pois, o que
efetivamente ocorreu, da matéria abaixo retirada do Blog de Luís Nassif (infelizmente, não pude inserir as imagens. E vejamos
como a população local tem verdadeira admiração pelo cubano.
Isoel Goméz Molina retornou ao trabalho em Feira
de Santana,
na Bahia. Ele foi afastado após denúncia que apontou prescrição 'errada' a
criança.
O médico cubano Isoel Goméz Molina, que foi afastado
por alguns dias das atividades em um posto de saúde em Feira
de Santana, na Bahia, por suspeita de receitar uma dose excessiva de remédio a
uma criança, retornou ao trabalho na manhã desta segunda-feira (25).
O médico foi recebido com alegria pelos
moradores, que fizeram cartazes e desejaram boas-vindas no retorno dele ao
trabalho. Antes da chegada do estrangeiro, os moradores fizeram uma oração.
Eles se reuniram em frente ao posto de saúde do Conjunto Viveiros, onde organizaram
recepção calorosa para o cubano.
Moradores colocaram cartazes com mensagens de
incentivo para o médico estrangeiro
(Foto: Paulo José/Acorda Cidade)
(Foto: Paulo José/Acorda Cidade)
Isoel Goméz Molina havia receitado 40 gotas de
dipirona a uma criança, o que gerou confusão porque poderia representar uma dos
excessiva. No entanto, uma comissão avaliou que as 40 gotas indicadas na
receita não eram para ser ministradas em dose única, mas
divididas em quatro vezes, a cada seis horas, como constava na receita, e como
foi explicado pelo médico à mãe da paciente.
O especialista chegou a ser denunciado na Câmara
de Vereadores de Feira de Santana, cidade localizada a 100 km de Salvador, mas
a própria
mãe da menina defendeu o médico, que foi avaliado por uma comissão formada
por representantes do Ministério da Saúde, do Programa Mais Médicos e
da Secretaria Municipal de Saúde. Os membros da comissão concluíram que não
houve erro médico.
Moradores e pacientes fizeram oração antes da
chegada do médico (Foto: Paulo José/Acorda Cidade)
Mobilização
Na sexta-feira (22), houve comemoração no Posto
de Saúde da Família da comunidade de Viveiros. Colegas do médico cubano
comemoraram a decisão
da Secretaria de Saúde do Município, que determinou a volta dele nesta
segunda-feira.
"Ele é um médico que chegou e que nós
adotamos pelo carisma que ele tem, pela bondade que ele apresentou com a gente
e pela presteza em não atender de cara feia", disse Marisa Alencar,
enfermeira da unidade e colega de trabalho do médico.
Os moradores da comunidade entregaram um
abaixo-assinado na Secretaria de Saúde com mais de 200 asinaturas em defesa do
médico cubano.
"Eu quero o médico de volta porque ele
atendeu a minha criança super bem, um médico ótimo, porém aqui no Viveiro nunca
passou um médico como esse, mesmo não sendo brasileiro. Eu quero o médico de
volta", disse uma moradora da comunidade.
Investigação
De acordo com a nota divulgada pela Prefeitura de
Feira de Santana, a comissão concluiu que não houve erro no procedimento
adotado pelo médico cubano. Segundo a gestão municipal, o médico Washington
Abreu, coordenador estadual do Programa Mais Médicos, afirmou que a dosagem
indicada pelo médico cubano estava correta. Segundo a nota, o coordenador
explicou que "as 40 gotas indicadas na receita não eram para ser
ministradas em dose única, mas divididas em quatro vezes, a cada seis horas,
como consta na receita, desde que a criança sentisse dor ou apresentasse um
quadro febril".
A Secom informou ainda que o médico explicou com
detalhes à mãe da criança como administrar a medicação e que onde ele trabalhou
anteriormente é comum receitar a medicação da maneira que fez, e não
fracionada, como é no Brasil. Segundo Washington Abreu, os médicos do Programa
Mais Médicos no estado passarão por reforço no treinamento da prescrição dos
medicamentos da atenção básica. Em nota, a Secom informou que as declarações
da mãe da criança dadas à imprensa pesaram na decisão de reintegrar o
médico à equipe do programa.
Receita indicava 40 gotas de dipirona (Foto:
Reprodução / TV Bahia)
Mãe defende médico
A diarista Gilmara Santos, que levou o filho até
um posto de saúde da cidade de Feira de
Santana, distante cerca de 100 km de Salvador, afirmou
que o atendimento foi perfeito.
"Ele me atendeu muito bem. Ele tratou meu
filho super bem, porque tem médico que nem olha na cara da mãe e nem da
criança. Ele me explicou direitinho como dar o remédio, disse ainda que a
quantidade de gotas é definida a partir do peso da criança. Ele prescreveu 40
gotas, mas foi apenas um erro. Ele me disse exatamente o que eu deveria fazer,
que era para dar apenas 10 gotas", disse.
Ela contou que toda essa história veio à tona
quando ela voltou ao Posto de Saúde para que o filho fosse atendido pelo
médico. "Quando eu voltei, uma outra médica me atendeu. Como eu ando em
mãos com todas as receitas que passam para meu filho, eu cheguei a mostrar para
essa médica, que chamou outra colega. Aí elas tiraram uma foto e postaram na
internet. Foi aí que o vereador ficou sabendo e tudo isso começou",
explicou a diarista. "Acho que isso é uma postura antiética da
médica", disse a diarista.
O médico cubano atendia no município baiano há
uma semana. Ele integra a lista de profissionais do Mais Médicos, do governo
federal. Gilmara Santos disse que a denúncia foi feita pelo próprio vereador.
Segundo a Secretaria
Municipal de Saúde, o afastamento do profissional foi uma medida
provisória, para a denúncia ser apurada.
Em contato com o G1, a médica pediatra Márcia
Porto, que atende em clínicas da capital baiana, informou que a dose receitada
é "completamente exagerada". "Essa dose é quatro vezes maior do
que a indicada. Para uma criança de 10 kg, o ideal era ter receitado 10 gotas.
40 gotas é dose para adulto. Caso a criança tivesse tomado essa dose excessiva,
ela podertia ter tido uma hipotermia e uma hipertensão arterial", relatou.
De acordo com a médica, hipotermia é quando acontece a baixa da temperatura
natural do corpo.
Dos 12 profissionais do programa na cidade, 11 são estrangeiros. Por conta disso, a Secretaria de Saúde Municipal informou que os médicos passarão por novo treinamento no sábado (23) e no domingo (24). O médico não foi encontrado para comentar o caso.
Dos 12 profissionais do programa na cidade, 11 são estrangeiros. Por conta disso, a Secretaria de Saúde Municipal informou que os médicos passarão por novo treinamento no sábado (23) e no domingo (24). O médico não foi encontrado para comentar o caso.