sábado, 13 de novembro de 2010

A Guerra Cambial (é um perigo!)

(13/112010)

Sobre a “Guerra Cambial”

A situação econômica internacional e seus reflexos para nós aqui Brasil é preocupante. Acompanho com certo temor o desenrolar das tentativas aqui e ali no sentido da auto-proteção de cada país, especialmente China e os Estados Unidos e, por isso, ouvindo opiniões dos “entendidos”. Assisti ao programa da “mamãe sabe tudo” e acho interessante transcrever o que li no blog do Nassif a respeito.
Mais interessante, ainda, achei um comentário sobre a referida postagem que diz que o economista entrevistado foi responsável, ou participou do programa de Marina Silva, seguem a postagem e o comentário

(A postagem) Por andalex
Nassif, coloco este comentário aqui por não achar um tópico correspondente.
Estava assistindo no globonews o programa da Miriam Leitão, uma reprise que passou hoje a tarde.
Acabei vendo que lá participava um ex-professor meu, do curso de economia da FEA-USP. Decidi assistir o programa e ver do que daria dessa troca de idéias entre Miriam Leitão e Eduardo Gianetti da Fonseca.
Lembro-me do Prof. Gianetti como um economista pouco afeito ao rigor metodológico. Ele parecia mais um ideólogo do neoliberalismo. Seu discurso era um misto de conceitos economicos com filosofia liberal. Hayek, Locke, Voltaire, e aqui e ali algo tipicamente economês: deflação, taxa, curva de crescimento, feedback negativo, etc, etc. Lembro-me claramente, como se fosse hoje, ele com uma cara de deboche, dizendo a um colega de sala que não sabia o que era reificação. "Reificação? O que é isso? Não entendo esse conceito". E recusou-se a comentar este conceito marxista e sua critica ao capitalismo. Isso me pareceu emblemático de seu caráter.
Pois bem, voltando ao "espaço aberto" Miriam Leitão. O tema era taxa de câmbio. O tema da moda! Depois de um início bastante didático, cheio de conceitos e explicações simples, até de uma certa ortodoxia, eis que o querido mestre divide com seus pupilos a solução mágica que nos salvará da danação cambial. Vou dividir com você:
"Quando o câmbio brasileiro se valoriza, o fato básico é que fica caro em dólares produzir no Brasil. O custo de produzir no Brasil é muito alto em dólar. Nós perdemos mercado lá fora e os importados ganham mercado aqui dentro. O que nós podemos fazer hoje, independentemente de câmbio, pra reduzir o custo de produzir no Brasil? Existe uma coisa óbvia e que clama por ser feita, nós precisamos reduzir os encargos que incidem sobre a folha salarial das empresas no Brasil!". [Voilà!]. "Isso corresponde a um efeito de uma desvalorização do câmbio. O preço em dólar pode reduzir muito se reduzirmos fortemente o volume de impostos que nós cobramos da contratação e do salário aqui na economia brasileira. [Isso aí] incentiva o emprego, aumenta a formalização, é uma grande mudança de preços relativos, barateando o fator trabalho. Existe um lema em economia que [diz]: câmbio é salário. Câmbio é salário. É salário em dólar.Tá caro produzir no Brasil porque o salário no Brasil, relativamente à nossa produtividade, tá muito alto em dólar".
Bem, depois ele complementa essa mixórdia toda com algumas outras abstrações, às quais nao tive paciência de transcrever. A idéia central está aí. E é vexatória! Mostra claramente como construir uma mentira a partir de alguns conceitos válidos.
Brincando com os conceitos de preços relativos, ele conclui que a única maneira de ganhar numa relação de trocas que está contra nós é reduzir direitos trabalhistas. Acabar com FGTS, por consequência acabar com a multa recisória, acabar com o 13o, com as férias, com o DSR, com as Horas extras a 50% e 100%! Simples assim! Os EUA e a China resolvem mudar os valores das suas moedas, transferem ao mundo o valor da conta, e nós devemos repassar a conta a ser paga aos trabalhadores. Nenhuma palavra sobre juros e controle de capitais. Nenhuma palavra! As principais variáveis que definem a taxa de câmbio não foram sequer citadas na solução mágica do grande mestre.
Nem vou comentar câmbio é salário. A idéia em si já é uma grosseria.
Outra coisa impressionante, no sentido mais negativo, é o professor doutor Eduardo Gianetti colocar isso como uma solução para aumentar o emprego e a formalização. Por onde esteve ele nestes últimos 8 anos? Não sabe que a nossa atual taxa de desemprego é de 6,2%, próxima do nível de pleno emprego? Não sabe que foram gerados 15 Milhoes de empregos com todos esses direitos que ele quer extirpar como solução para um câmbio falsamente apreciado? Ou melhor, uma taxa de câmbio que foi levada à esse nível por conta de politicas deliberadas de 2 países.
Sei que é esperar muito dessa gente, mas não dá mais pra ficar assistindo esse festival de baboseiras.
Os economistas são os piores. Como diria meu ex-professor Adroaldo Moura da Silva, esse sim uma pessoa coerente, os economistas fazem tanto mal à sociedade que deveriam ser enforcados pelo saco


(O comentário) Meus parabéns pelo post e condolências pelo que passou com o "espaço aberto". Fico imaginando a terrível química que deve ter rolado entre as duas sumidades.
Só queria complementar lembrando que o Gianetti foi o principal assessor de Marina Silva na campanha para presidente(Atentem, bem!). Eis porque a pecha de necocapitalista lhe serviu tão bem.
Eduardo Gianetti é um lunático ultraliberal, o que o torna perigosíssimo. Falando a língua dos mercadistas, convence porque navega na dimensão das hipóteses; sem a presença de obstáculos reais, fisga os incautos. Já seu irmão Roberto, que atua no mundo concreto do setor exportador, embora esteja no mesmo espectro político, tem muito mais sensatez e não cometeria a bobagem do caçula. Nada como um pé no mundo real.
Finalizando, os “grandes” desvalorizam suas moedas para exportar mais barato, consequentemente vender mais barato e “eles” acham que devemos simplesmente cortar direitos trabalhistas!